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O Direito Pela Vida

O filme - que trata de poluição industrial e câncer; desafios da mulher no mundo pós moderno -, baseado em fatos, narra a história de Erin Brockovich, mãe de três filhos, divorciada, desempregada, com alguns agravantes: seis anos fora do mercado de trabalho, falta de um curso superior ou de uma especialização profissional.

Suas atribulações se agravam quando ela é vítima de acidente de trânsito e,  pelo seu perfil de vida é considerada culpada do mesmo, arca com o pagamento de multa. Decide então exigir que o advogado que ela contratou para defende-la neste caso dê-lhe uma oportunidade de trabalho sendo empregada como arquivista quando chega-lhe às mãos um processo de venda de imóvel com alguns exames atestando câncer anexados ao mesmo. Para entender melhor a questão ela dirige-se a residência dos interessados na venda do imóvel e começa a destrinchar casos de contaminação por cromo hexavalente.

A partir de consulta a pesquisadores  identifica que, dependendo do nível de  exposição o indivíduo pode desenvolver desde enxaqueca; hemorragia nasal; doenças respiratórias; falência do fígado, coração, sistema reprodutor e qualquer tipo de câncer. O cromo-6 é altamente carcinogênico e era empregado por uma empresa instalada nas proximidades diluído em água para evitar a corrosão dos tubos de resfriamento da usina.

Erin é uma mulher de fibra, lutadora, mas como a maioria das mulheres as asperezas da vida não a tornaram insensível. Identifica outros casos de câncer de moradores próximos à empresa, conhece a história de cada um deles e parte para junto com o advogado processar a empresa.

A temática deste filme abre espaço para discutir  industrialização e poluição. Pode-se fazer um levantamento jornalístico de casos, no Brasil, que envolvem grandes empresas e a poluição de extensas áreas, para que o discente sinta que estes casos ocorrem com mais frequência do que imaginamos.

Outro recorte é a questão feminina tratada de forma muito próxima à situação da mulher-mãe que precisa conseguir sustento para manter a família ao mesmo tempo em que seus filhos, ainda pequenos, exigem atenção constante. Com destaque a ausência do(s) pai(s) das crianças que em nenhum momento aparece na história apoiando na criação dos mesmos.


CRÍTICA

Em Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento (2000) a atriz Julia Roberts atinge um novo patamar em sua carreira ao personificar com extrema competência uma mulher determinada, vulgar, inteligente e - acima de tudo - comum. Sim, comum: apesar das roupas provocantes, Brockovich é uma mulher pobre e desempregada que luta para manter seus três filhos pequenos. E o incrível é que Roberts realmente consegue nos fazer esquecer de sua aura de "estrela de cinema" e acreditar que seja, de fato, alguém com sérias dificuldades financeiras.

Baseado em uma história real, o filme gira em torno de uma jovem e bela mulher, Erin Brockovich, que, depois de perder um processo na justiça contra um médico que bateu em seu carro, acaba indo trabalhar para Ed Masry, o advogado que a representou. Já em seu novo emprego, ela acaba encontrando fichas médicas arquivadas na pasta referente a um litígio imobiliário e, curiosa, convence Masry a deixá-la investigar o caso - o que a leva a descobrir uma surpreendente conspiração, comandada por uma poderosa companhia, para ocultar a contaminação de um lençol d`água que abastecia uma pequena comunidade americana.

Dirigido por Steven Soderbergh, Erin Brockovich já começa com uma impressionante seqüência onde vemos Julia Roberts entrar e partir em um carro que se acidentará poucos metros depois. Aparentemente sem cortes (na verdade, duas tomadas diferentes foram combinadas na sala de edição), a cena surpreende pela simplicidade e eficiência - dois adjetivos comuns na carreira de Soderbergh, um destes cineastas que procuram contar suas histórias sem invencionismos baratos, permitindo sempre que a trama flua sem grandes interferências por parte da direção. Enquanto isso, os cenários planejados por Christa Munro transmitem de forma eficaz a realidade vivida pelos habitantes da pequena Hinkley, além de estabelecerem corretamente o contraste existente entre o humilde escritório de Ed Masry e as suntuosas instalações de Kurt Potter - algo fundamental para que possamos compreender a intimidação que este exerce sobre aquele.

Mas não há como escapar do fato de que este filme pertence mesmo a Julia Roberts: sua atuação vibrante e convincente acaba levando o espectador a acreditar que realmente conhece a verdadeira Erin Brockovich (que, aliás, faz uma ponta como a garçonete que aparece no início da história). Além disso, a atriz ainda protagoniza alguns momentos comoventes, como aquele em que ouve pelo telefone a notícia de que sua filha caçula aprendeu a falar sua primeira palavra. Para completar, a química entre sua personagem e o advogado vivido por Albert Finney (sempre soberbo) é perfeita, acentuando o dinamismo da trama. Cabe dizer, também, que os figurinos criados por Jeffrey Kurland transmitem de forma inequívoca o estilo adotado pela vivaz Brockovich (e que, devo dizer, realçam sensualmente o belo corpo de Roberts).

No entanto, Erin Brockovich não é isento de falhas: em vários momentos, o roteiro de Susannah Grant resvala perigosamente em velhos clichês, como aquele que afirma que o herói (ou, no caso, heroína) deve sempre ser perseguido pelos vilões a fim de salientar seu despojamento. Aqui, a personagem de Roberts recebe uma ligação anônima sem o menor propósito - e que, aliás, acaba não levando a nada, sendo simplesmente esquecida pela trama. Além disso, Erin acaba se tornando relativamente antipática ao longo da história, algo perigoso para um filme que pretende justamente estabelecê-la como uma mulher digna de nossa admiração. Em certo momento, por exemplo, seu crescente distanciamento causa uma crise em seu relacionamento com o namorado (um bom desempenho de Aaron Eckhart), que ela logo esquece ao descobrir que ganhou um carro novo. Momentos depois, a moça chega a usar seus próprios filhos como forma de se aproximar de uma habitante de Hinkley a quem pretende convencer a participar do processo movido por seu escritório. Inspirador, não?

Fonte: Cinema Em Cena. Por: Pablo Villaça.

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