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Quando Tudo Representa Nada (Reflexão de Um Rosto na Multidão)

Antes que os primeiros raios solares iluminem cada hemisfério do planeta, a raça humana já está de pé pronta para mais uma jornada de trabalho, fazendo o mesmo movimento contínuo da rotação global. Se o tempo é cíclico, o tempo não tem idade, o tempo sempre foi tempo, o tempo simplesmente é ontem, é hoje, é futuro - efeito de temporalidade sentida apenas por criaturas finitas que somos nós. 

Escravizados pelo calendário, aprendemos a contar as horas, a contar nossas expectativas, nossas ansiedades, nossas felicidades e nossas angústias e nos tornamos dependentes da artificialidade que nos rodeia e que nunca supre totalmente as necessidades de querermos mais e mais. Todos os dias ansiamos ter tudo e mais um pouco e por enquanto isso já basta, mas amanhã queremos tudo novo de novo. 

Acordamos e percebemos que nada mudou, nada é absoluto, tudo se repete, o mundo segue a rotina de produzir com talento e primor a obsolescência do amor em nome de um progresso que nos leva ao crescimento sem precedentes das partes por milhão de dióxido de carbono na atmosfera. O mundo é tão vazio com o excesso de tantas coisas que a humanidade parece se afogar num mar de uma infinidade de itens que não consegue reciclar. Sustentar aquilo que nos esmaga é o mesmo que chupar bala de revólver e achar doce o gosto da pólvora.

Marchamos diariamente rumo ao chão de fábricas de insalubridade para cumprirmos um contrato de sobrevivência com data de validade e fazermos de tudo com o maior esforço do mundo, sem saber que tudo pode se acabar num segundo. É quando TUDO representa nada, quando a gente produz e quando a gente degrada. Fico pensando se é mais fácil colonizar Marte ou se é tão difícil cuidar da Terra. De ambos os lados da Linha do Equador, parece que essa "dúvida" ainda é cruel e não se altera.

Por: Gustavo Nobio. Sustentabilista, comunicador ambiental, articulista e administrador de conteúdo da mídia online #SenhorEco. Técnico em Meio Ambiente pela FUNCEFET (RJ).

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