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FAO: 34 Países Precisam de Ajuda Externa Para Alimentar Suas Populações

Mulheres secam o milho na lataria do carro da família, na Suazilândia. De dezembro de 2015 a março de 2016, o país entrou para a lista das nações que precisam de assistência externa para alimentar suas populações. Foto: FAO / Giulio Napolitano. 

Dos 34 países [que precisam de ajuda externa para alimentar suas populações], 27 são africanos, como Etiópia, Mauritânia, República Centro-Africana e Malauí. Conflitos civis e variações climáticas acentuam queda da produção de alimentos nestes países. Relatora especial da ONU alertou para papel da desigualdade de gênero: 70% das pessoas que passam fome são mulheres, embora o público feminino produza mais da metade de toda a comida do mundo. 

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) informou que, atualmente, 34 países precisam de assistência externa para suprir as necessidades alimentares de suas populações. A produção agrícola desses países – incluindo 27 nações africanas – foi severamente afetada por secas, enchentes ou conflitos civis. 

Segundo o relatório da agência da ONU, divulgado em 09/03/2016, estiagens associadas ao El Niño terão impacto negativo nas safras de 2016 em países do sul da África, mas também de outras partes do continente, como é o caso da Etiópia. Entre as nações que precisam de apoio internacional estão Djibuti, Chade, República do Congo, Malauí, Mali, Níger, Mauritânia, Burkina Faso, Lesoto, Madagascar, entre outros. 

A expectativa é de que períodos de aridez, não necessariamente associados ao El Niño, também afetem o Marrocos e a Argélia

A FAO destacou que conflitos persistentes no Iraque, na Síria, no Iêmen, no Afeganistão, na Somália e na República Centro-Africana (RCA) estão prejudicando o setor agrícola, agravando as crises humanitárias já existentes nesses territórios. Na maioria dos casos, confrontos acabam tendo desdobramentos para nações vizinhas, como Camarões e República Democrática do Congo, que recebem refugiados da RCA

A agência da ONU também alertou para a situação da Coreia do Norte, onde uma produção menor afetará a segurança alimentar de famílias que já mantinham níveis extremamente reduzidos de consumo. Na maior parte da Ásia, estima-se que as safras de trigo e outros grãos serão volumosas. 

Mulheres são as mais afetadas por escassez de alimentos em todo o mundo 

“Mulheres somam 70% das pessoas que passam fome no mundo e são desproporcionalmente afetadas pela malnutrição, embora sejam responsáveis por mais da metade da produção global de comida”, constatou a relatora especial da ONU sobre o direito à alimentação, Hilal Elver

A especialista independente apresentou sua avaliação ao Conselho de Direitos Humanos na véspera do alerta emitido pela FAO, Dia Internacional da Mulher [08/03].

Segundo Elver, a discriminação de gênero atinge as mulheres em muitos níveis, colocando obstáculos a seu acesso a alimentos ao longo de toda a vida. 

Em países onde a mulher possui um status social “inferior” ao homem, é comum que elas recebam menos comida durante as refeições, apontou a relatora. Segregação baseada em gênero frequentemente vem acompanhada de outras formas de discriminação, envolvendo etnias, religiões, diferenças entre classes sociais e castas. 

Atualmente, mulheres envolvidas na produção de alimentos enfrentam dificuldades para manter a renda de suas famílias, devido à crescente competição com produtos agrícolas importados, aos preços reduzidos e à desvalorização das commodities no mercado internacional. 

Elver recomendou a implementação de políticas sensíveis a questões de gênero por parte dos governos. Para a especialista, é necessário garantir os direitos à terra e reforçar o acesso de mulheres e meninas à educação e à proteção social, além de garantir a participação delas em processos decisórios. 

“Já foi demonstrado que aumentar o controle das mulheres sobre os insumos tem efeitos positivos em resultados de desenvolvimento humano importantes, incluindo a segurança alimentar das famílias, a nutrição e educação infantis, o bem-estar e status das mulheres no interior do lar e das comunidades.”

Fonte: ONU Brasil.

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