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Poluição do Ar Mata Mais Que Cigarro, diz estudo

Cientistas consideram limite da União Europeia para partículas finas de poluição alto demais. 

Pesquisa aponta que poluição atmosférica causa quase 9 milhões de mortes por ano no mundo, o dobro do estimado anteriormente. Cientistas pedem redução de limites para concentração de partículas finas no ar. 

A poluição do ar mata anualmente mais pessoas do que o tabagismo, de acordo com uma pesquisa divulgada em 12/03/2019 [Cardiovascular disease burden from ambient air pollution in Europe reassessed using novel hazard ratio functions]. Cientistas da Alemanha e do Chipre estimaram que a poluição do ar causou 8,8 milhões de mortes em 2015 – quase o dobro dos 4,5 milhões anteriormente estimados . 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o tabagismo mate cerca de 7 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. 

Os pesquisadores constataram que na Europa – o foco principal da pesquisa da Sociedade Europeia de Cardiologia – a poluição do ar resultou em 790 mil mortes, sendo que entre 40% e 80% delas ocorreram em decorrência de doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames. 

"Como a maior parte do material particulado e de outros poluentes atmosféricos na Europa provêm da queima de combustíveis fósseis, precisamos mudar para outras fontes de geração de energia com urgência", disse Jos Lelieveld, coautor do estudo e membro do Instituto Max-Planck de Química em Mainz, na Alemanha, e do Instituto Cipriota de Nicósia

"Quando usamos energia limpa e renovável, não estamos apenas cumprindo o Acordo de Paris para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, mas também podemos reduzir as taxas de mortalidade relacionadas à poluição do ar na Europa em até 55%", disse Lelieveld

O estudo, divulgado na publicação científica European Heart Journal, se concentrou no ozônio e nas menores partículas poluidoras, conhecidas como PM2.5, que são particularmente prejudiciais à saúde, pois podem penetrar nos pulmões e até mesmo entrar na corrente sanguínea. 

Os cientistas aplicaram o novo Modelo de Exposição Global de Mortalidade a um amplo banco de dados epidemiológico – com números atualizados de densidade populacional, idade, fatores de risco de doença, causas de morte – para simular a maneira como produtos químicos naturais e artificiais interagem com a atmosfera. 

Os pesquisadores relataram que novos dados indicam que o impacto danoso à saúde das PM2.5 – a principal causa de doenças respiratórias e cardiovasculares – foi muito pior do que se pensava anteriormente. Eles defenderam uma redução na União Europeia (UE) do limite máximo para as PM2.5, que atualmente é de 25 microgramas por metro cúbico – 2,5 vezes maior do que recomenda a OMS

"Na Europa, o valor máximo admissível é alto demais", disseram Lelieveld e o coautor Thomas Munzel, do Departamento de Cardiologia do Centro Médico Universitário de Mainz, em comunicado conjunto. "Nos EUA, na Austrália e no Canadá, a diretriz da OMS é tomada como base para a legislação, o que também é necessário na UE." 

Em todo o mundo, a poluição do ar vem causando 120 mortes a cada 100 mil pessoas por ano. Na Europa, apesar de haver controles de poluição mais rigorosos do que na maioria das outras regiões, o número é maior – 133 mortes por 100 mil habitantes. 

"Isso é explicado pela combinação de má qualidade do ar e densidade populacional, o que leva a uma exposição que está entre as mais altas do mundo", disse Lelieveld

As taxas são ainda mais altas no Leste Europeu, em países como Bulgária, Romênia e Croácia, onde foram registradas 200 mortes por ano a cada 100 mil pessoas. Tais números foram atribuídos a cuidados de saúde menos avançados. 

"Para colocar isso em perspectiva, isso significa que a poluição do ar causa mais mortes por ano do que o consumo de tabaco", disse Munzel.


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