Documento prometido para novembro de 2018 trará diretrizes para a expansão do segmento no Brasil.
Depois de anunciar o Rota 2030 e definir a redução do IPI para carros híbridos e elétricos, o governo trabalha agora na elaboração do Plano Nacional de Eletromobilidade, proposta de diretrizes para estimular o mercado do segmento no Brasil, reduzindo o abismo que separa a frota brasileira da presente em países desenvolvidos.
O projeto foi anunciado pelo ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge de Lima. No dia 1º de agosto de 2018 ele participou da abertura do Simea, evento promovido pela AEA, Associação de Engenharia Automotiva. A promessa dele é apresentar o programa em novembro de 2018 com visão para os próximos quatro anos.
A pasta identificou a demanda por estruturar um plano durante as discussões do grupo de trabalho de veículos híbridos e elétricos, o GT7, formado para desenhar as medidas para o Rota 2030. Entre os integrantes do time estavam montadoras, entidades ligadas ao setor de energia, além de fornecedores de tecnologia e componentes. "Percebemos esta necessidade e decidimos trabalhar em uma proposta dentro do governo", contou Ricardo Zomer, analista da secretaria de desenvolvimento e competitividade industrial do MDIC, que também participou do Simea. Segundo ele, o ministério é o órgão que capitaneia a iniciativa.
Política públicas e visão de longo prazo
Zomer conta que o documento pretende unificar o debate sobre eletromobilidade, que hoje está disperso entre os vários elos que podem ser impactados pela expansão do setor. Além disso, o plano pretende desenhar estratégias de longo prazo e propor políticas públicas que viabilizem a expansão deste mercado.
"Nenhum país maduro conseguiu desenvolver um mercado interessante de veículos elétricos sem oferecer incentivos. Vamos ter de resolver isso no nosso contexto de restrição fiscal", diz.
Além de reunir empresas e entidades envolvidas no tema, a iniciativa engloba também o Promob-e, projeto de coordenação técnica entre Brasil e Alemanha desenhado para que o país europeu transfira a sua experiência no setor e contribua para o surgimento de um mercado nacional de carros elétricos. A ideia é entender assim aspectos como quais incentivos são mais efetivos e quem deve assumir a responsabilidade de desenvolver a infraestrutura de recarga.
As respostas para cada problema serão esboçadas por subgrupos de trabalho, cada um deles focados em um assunto: viabilidade econômica da tecnologia, baterias, regulamentação da energia e do produto, desenvolvimento da cadeia produtiva e capacitação e o desenho de um segmento de veículos elétricos levíssimos, para um ou dois ocupantes. "É algo muito positivo para a mobilidade urbana, mas que ainda não tem presença no Brasil", diz Zomer. Ele acredita que é justamente nas grandes cidades onde que a eletrificação vai avançar de forma consistente.
Brasil combinará elétricos com tecnologia flex
A Anfavea, entidade que representa as montadoras, calcula que foram vendidos 3,2 mil veículos eletrificados no Brasil em 2017, volume pífio, que responde a apenas 0,2% do mercado total do ano. Segundo Zomer, para aumentar esta participação será preciso desenhar atuação ampla e conjunta.
"Precisamos trabalhar para que o Brasil não seja expectador dos avanços globais, mas assuma papel de protagonista com o desenvolvimento de soluções interessantes localmente", avalia.
O analista entende que o Brasil terá fórmulas próprias para a eletromobilidade, combinando a propulsão com energia elétrica ao carro flex, que já é uma matriz mais limpa do que os combustíveis fósseis que dominam a maior parte do mundo.
"A eletrificação será gradual, com o avanço dos sistemas elétricos nos veículos e a coexistência entre a nova tecnologia e os veículos bicombustíveis tão presentes na nossa frota", resume.
Por: Giovanna Riato (Automotive Business).
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