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Lâmpadas Fluorescentes: Quem Pagará o Custo da Reciclagem?

“A preocupação com a destinação e a informação acerca das lâmpadas veio em um momento posterior ao uso delas”, critica a professora Marta Tocchetto

Apesar de o uso de lâmpadas fluorescentes ter contribuído para o processo de economizar energia no Brasil, a política adotada pelo governo e pelo setor energético não teve “a preocupação de estruturar uma logística que contemplasse a informação sobre a reciclagem das lâmpadas”, critica Marta Tocchetto, que adverte para os riscos que a falta de reciclagem pode causar ao meio ambiente e à saúde. 

“A maioria das pessoas ainda não tem informação em relação aos riscos oferecidos pelas lâmpadas fluorescentes, não sabe como destinar adequadamente essas lâmpadas, como acondicioná-las até o momento do descarte, nem onde entregar esse material”, assinala. 

Graduada em Química e especialista em tratamento de resíduos industriais, Marta Tocchetto explica que as lâmpadas fluorescentes são compostas de mercúrio e chumbo, e que a preocupação com a contaminação delas “reside no efeito cumulativo do mercúrio, o qual, presente no meio ambiente, poderá desencadear problemas daqui a 20, 30 anos, porque ele interage com a água, com o solo, contamina microrganismos que poderão servir de alimento para peixes, vai se depositar no fundo de corpos hídricos, etc”. 

Segundo ela, “apesar da vigência da Política Nacional de Resíduos SólidosPNRS desde 2010, que estabelece a possibilidade de o consumidor devolver a lâmpada que esgotou a sua vida útil ao local onde foi comprada, na prática isso não acontece. Nesse sentido, as políticas buscam atender uma necessidade pontual; não se inter-relacionam com as outras questões”. 

Marta pontua ainda que somente 6% das lâmpadas fluorescentes são recicladas e as restantes são encaminhadas ou para aterros sanitários ou para lixões, agravando a possibilidade de contaminação. O baixo percentual de lâmpadas recicladas é explicado pelo custo e pelas poucas empresas que realizam o processo de descontaminação. “Esse processo tem um custo, a começar por contratar uma empresa que faça esse serviço. 

Assim, o custo da reciclagem, sem considerar a questão do transporte da lâmpada, fica em torno de 60 centavos, às vezes até mais devido à distância. A questão, nesse sentido, é quem vai pagar esse custo. O consumidor está disposto a pagar esse custo? O fabricante está disposto a absorver esse custo? Como isso vai ser equacionado?”, questiona. 

Fonte: Instituto Humanistas Unisinos. Marta Tocchetto é graduada em Química Industrial e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa MariaUFSM e doutora em Engenharia pela Universidade Federal do Rio Grande do SulUFRGS. Atualmente é membro da Diretoria da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – seção RS e professora da UFSM. Leia a entrevista na íntegra clicando aqui!

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