Uma nova espécie de dinossauro, considerada a maior do Brasil já descrita, foi identificada e anunciada por um grupo de paleontólogos, composta por Alexander Kellner e a estudante de doutorado, Kamila Bandeira, ambos do Museu Nacional (MN), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Diogenes de Almeida Campos, coordenador do Museu de Ciências da Terra; Felipe Simbras, do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes, Petrobras); Gustavo Oliveiro, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); e Elaine Machado, da Universidade Estácio de Sá.
Batizada como Austroposeidon magnificus, a nova espécie, por suas características, foi classificada no grupo dos titanossauros – herbívoros de pescoço e cauda longos, com crânio pequeno. Viveu há 70 milhões de anos no planeta, andava em grupo e tinha cerca de 25 metros de comprimento. Para se ter uma ideia de sua magnitude, era maior em tamanho do que aqueles ônibus duplos e articulados do sistema de transporte BRT. Antes de sua descoberta, o maior dinossauro, também do grupo dos titanossauros, era o Maxakalisaurus topai, com 13 metros de comprimento.
A pesquisa para a descoberta dessa nova espécie foi realizada com base nos fósseis encontrados nos anos 1950 na cidade de Presidente Prudente, São Paulo, por Llewellyn Ivor Price (1905-1980), considerado o pai da paleontologia no Brasil, durante a construção de uma rodovia. À ocasião, os ossos foram levados para o Museu de Ciências da Terra, que atualmente é administrado pelo Serviço Geológico Brasileiro (CPRM). De acordo com Kellner, apesar da crise atual que impede as pesquisas avançarem por falta de recursos financeiros, grande parte desse estudo foi financiado com ajuda de subsídios cedidos pela FAPERJ. “Entre os motivos pelos quais esse material ficou tanto tempo ser analisado, tenho que destacar a falta de verbas e recursos tecnológicos”, justifica o paleontólogo.
Para se chegar à conclusão do tamanho final do gigante notável muito trabalho foi realizado. Incessantes análises, que envolveram inclusive a tomografia computadorizada, foram realizadas. De acordo com Kamila Bandeira, como só havia ossos da coluna vertebral, um dos recursos foi estruturar uma montagem do Austroposeidon magnificus com comparação a outras espécies. “Se você comparar o tamanho do buraco de onde se encaixa a espinha dessa nova espécie com o Maxakalisaurus topai, por exemplo, a diferença é gritante. O tamanho do Austroposeidon magnificus já nos dava claros sinais de sua magnitude”, diz Bandeira.
Para Diogenes, a ossada do crânio poderia ajudar muito nas pesquisas, porém, como o fóssil pertence a uma espécie de titanossauro que morreu de causas desconhecidas, fica difícil a total conservação de sua estrutura. “Imagina o banquete que um animal morto desse tamanho representou à ocasião para outros dinossauros? Ele certamente foi todo desmembrado, pois cada espécie que se alimentou dele de uma forma diferente e, inclusive, havia aquelas que quebravam a caixa craniana para comer o cérebro do dinossauro. O que sobrou se conservou porque de alguma forma, a ossada final acabou sendo levada para o fundo de uma lagoa e acabou se petrificando”, explica.
O Austroposeidon magnificus representa a 23ª espécie achada no Brasil e, de acordo com Kellner, pode ser equiparada aos maiores exemplares de titanossauros encontrados em terras portenhas. “Essa descoberta, além de aumentar a diversidade dos dinossauros brasileiros, vem para suprir um questionamento que eu tinha há tempos: do porquê não haver no Brasil um exemplar de dinossauro tão grande quanto os encontrados na Argentina, que beiram os 36 metros de comprimento, que é nossa vizinha. Agora, com a chegada do Austroposeidon magnificus, fica mais evidente que é possível achar fósseis de espécies ainda maiores aqui no País. Certamente, paleontólogos vão reexaminar as suas coleções em busca de novos materiais de dinossauros gigantes. Ficaremos felizes se isso ocorrer”.
Por: Danielle Kiffer (Agência Faperj).
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