A partir do momento em que se teve conhecimento da presença humana na Terra, ruminantes (bovinos, ovinos, caprinos, bubalinos) e não-ruminantes (suínos, equinos, caninos, felinos, aves, coelhos) sempre existiram da forma como os conhecemos e até a era pré-industrial [antes de 1880] a temperatura média do planeta não passava de 14,5º Celsius. Hoje – na era pós-industrial –, atribui-se principalmente aos bois, ovelhas e porcos o agravamento do Aquecimento Global pelas emissões do gás metano (CH4), considerado mais danoso ao ambiente por capturar com mais eficiência a radiação solar, e sua influência nas alterações climáticas é vinte vezes maior que o dióxido de carbono (CO2).
Não há a menor dúvida de que o cultivo de tais animais contribuem para as mudanças no clima, mas eles não são os grandes vilões da história, conforme apregoado por determinados interesses econômicos, e o impacto provocado por suas eructações e flatulências – quando comparado aos poluentes emitidos pelos escapamentos dos carros e pelas chaminés das indústrias – é muito menor do que se imagina.
Assim como o lançamento de CO2 na atmosfera a partir das atividades antrópicas, o CH4 também é proveniente da produção e do uso dos combustíveis fósseis como o petróleo, o carvão e o gás natural (além de matéria orgânica em decomposição), sendo que a pecuária é responsável por 24% das emissões do metano enquanto o homem com suas máquinas e motores emite aproximadamente 76% de dióxido de carbono [ambas as emissões em escala mundial].
Atualmente, a intensidade média de calor/frio observada no globo terrestre é em torno de 15ºC e de acordo com dados de cientistas e pesquisadores a serviço do IPCC, a temperatura poderá aumentar 5ºC até 2100 se medidas severas de mitigação não forem adotadas. Um novo acordo entre países – através da 21ª Conferência do Clima (COP21) que será realizada em dezembro de 2015 em Paris (França) – tem como objetivo diminuir a emissão de gases de efeito estufa, limitando o aumento da temperatura global em 2ºC até o fim do século.
Outro estudo – realizado entre 1960 e 2010 e divulgado recentemente – revela que a distribuição do calor está intimamente relacionada à distribuição da pobreza, já que as temperaturas muito altas atrasam o desenvolvimento econômico e prejudicam a produção agrícola e o desempenho profissional em países da América do Sul e da África, por exemplo. Ou seja, temperaturas regionais que estejam abaixo ou acima de 13ºC são determinantes.
Previsões do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC): Impactos do Aquecimento Global Projetados Para o Século XXI
• Água doce. A mudança climática leva a projeções de redução significativa de recursos de água de superfície e subterrânea na maioria das regiões subtropicais secas.
• Continentes. Grande fração das espécies terrestres e de água doce encaram maior risco de extinção sob a mudança climática projetada durante o século XXI e além.
• Costas. Em razão do aumento do nível do mar, sistemas costeiros e áreas de baixa altitude experimentarão impactos como submersão, inundação e erosões costeiras.
• Oceanos. A redistribuição global de espécies marinhas e a redução da biodiversidade marinha em áreas sensíveis desafiará a provisão sustentada de recursos pesqueiros.
• Alimentos. A mudança climática terá impacto negativo na produção de grandes culturas (trigo, arroz e milho) quando houver aumento médio de temperatura superior a 2ºC.
• Saúde humana. No século XXI como um todo, a mudança climática deve levar ao aumento de problemas de saúde em muitas regiões, sobretudo nos países em desenvolvimento.
• Segurança. A mudança climática pode levar indiretamente a um maior risco de conflitos violentos ao amplificar causas conhecidas dos conflitos, como pobreza e choque econômico.
• Economia. A mudança do clima deve desacelerar o crescimento econômico, tornando mais difícil reduzir a pobreza, particularmente em áreas urbanas e novos focos de fome.
Mundo mais quente, gente na míngua
O xis da questão é: estimativas alertam que o ápice das emissões deve ocorrer no ano de 2030 quando o aquecimento global poderá chegar a 4ºC, levando 720 milhões de pessoas ao grau máximo de pobreza devido aos eventos extremos que ocasionam longos períodos sem chuvas, terríveis secas, alagamentos, desnutrição e êxodo – segundo o relatório Zero Poverty, Zero Emissions: Eradicating Extreme Poverty in the Climate Crisis. "É incoerente para os grandes países emissores, especialmente os industrializados, apoiar a erradicação da pobreza como prioridade de desenvolvimento enquanto não mudarem a sua própria economia em direção a uma via de emissões líquidas zero", enfatiza o documento publicado pelo The Overseas Development Institute (instituto de desenvolvimento com sede no Reino Unido).
Por mais pessimista que possa parecer o cenário ambiental contemporâneo, é possível frear a acumulação sucessiva de calor planetária em até 2ºC e atenuar a gravidade das consequências das mudanças climáticas. Para isso é necessário sensatez e vontade dos decisores políticos e maior cooperação da sociedade, compreender que desastres naturais refletem fenômenos sociais e políticos intensificados pelo homem e que o investimento na gestão e recuperação dos ecossistemas é uma via direta para o desenvolvimento sustentável e geração de riquezas. Proteger os oceanos e as florestas e incentivar a participação das matrizes energéticas renováveis não se trata de ambientalismo romântico, é fomentar uma economia mais verde e melhor qualidade de vida.
Por: Gustavo Nobio. O autor é técnico em Meio Ambiente formado pela FUNCEFET (RJ) e voluntarioso promotor da Sustentabilidade; articulista, comunicador ambiental e fundador do site SenhorEco.org.
Não há a menor dúvida de que o cultivo de tais animais contribuem para as mudanças no clima, mas eles não são os grandes vilões da história, conforme apregoado por determinados interesses econômicos, e o impacto provocado por suas eructações e flatulências – quando comparado aos poluentes emitidos pelos escapamentos dos carros e pelas chaminés das indústrias – é muito menor do que se imagina.
Assim como o lançamento de CO2 na atmosfera a partir das atividades antrópicas, o CH4 também é proveniente da produção e do uso dos combustíveis fósseis como o petróleo, o carvão e o gás natural (além de matéria orgânica em decomposição), sendo que a pecuária é responsável por 24% das emissões do metano enquanto o homem com suas máquinas e motores emite aproximadamente 76% de dióxido de carbono [ambas as emissões em escala mundial].
Atualmente, a intensidade média de calor/frio observada no globo terrestre é em torno de 15ºC e de acordo com dados de cientistas e pesquisadores a serviço do IPCC, a temperatura poderá aumentar 5ºC até 2100 se medidas severas de mitigação não forem adotadas. Um novo acordo entre países – através da 21ª Conferência do Clima (COP21) que será realizada em dezembro de 2015 em Paris (França) – tem como objetivo diminuir a emissão de gases de efeito estufa, limitando o aumento da temperatura global em 2ºC até o fim do século.
Outro estudo – realizado entre 1960 e 2010 e divulgado recentemente – revela que a distribuição do calor está intimamente relacionada à distribuição da pobreza, já que as temperaturas muito altas atrasam o desenvolvimento econômico e prejudicam a produção agrícola e o desempenho profissional em países da América do Sul e da África, por exemplo. Ou seja, temperaturas regionais que estejam abaixo ou acima de 13ºC são determinantes.
Previsões do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC): Impactos do Aquecimento Global Projetados Para o Século XXI
• Água doce. A mudança climática leva a projeções de redução significativa de recursos de água de superfície e subterrânea na maioria das regiões subtropicais secas.
• Continentes. Grande fração das espécies terrestres e de água doce encaram maior risco de extinção sob a mudança climática projetada durante o século XXI e além.
• Costas. Em razão do aumento do nível do mar, sistemas costeiros e áreas de baixa altitude experimentarão impactos como submersão, inundação e erosões costeiras.
• Oceanos. A redistribuição global de espécies marinhas e a redução da biodiversidade marinha em áreas sensíveis desafiará a provisão sustentada de recursos pesqueiros.
• Alimentos. A mudança climática terá impacto negativo na produção de grandes culturas (trigo, arroz e milho) quando houver aumento médio de temperatura superior a 2ºC.
• Saúde humana. No século XXI como um todo, a mudança climática deve levar ao aumento de problemas de saúde em muitas regiões, sobretudo nos países em desenvolvimento.
• Segurança. A mudança climática pode levar indiretamente a um maior risco de conflitos violentos ao amplificar causas conhecidas dos conflitos, como pobreza e choque econômico.
• Economia. A mudança do clima deve desacelerar o crescimento econômico, tornando mais difícil reduzir a pobreza, particularmente em áreas urbanas e novos focos de fome.
Mundo mais quente, gente na míngua
O xis da questão é: estimativas alertam que o ápice das emissões deve ocorrer no ano de 2030 quando o aquecimento global poderá chegar a 4ºC, levando 720 milhões de pessoas ao grau máximo de pobreza devido aos eventos extremos que ocasionam longos períodos sem chuvas, terríveis secas, alagamentos, desnutrição e êxodo – segundo o relatório Zero Poverty, Zero Emissions: Eradicating Extreme Poverty in the Climate Crisis. "É incoerente para os grandes países emissores, especialmente os industrializados, apoiar a erradicação da pobreza como prioridade de desenvolvimento enquanto não mudarem a sua própria economia em direção a uma via de emissões líquidas zero", enfatiza o documento publicado pelo The Overseas Development Institute (instituto de desenvolvimento com sede no Reino Unido).
Por mais pessimista que possa parecer o cenário ambiental contemporâneo, é possível frear a acumulação sucessiva de calor planetária em até 2ºC e atenuar a gravidade das consequências das mudanças climáticas. Para isso é necessário sensatez e vontade dos decisores políticos e maior cooperação da sociedade, compreender que desastres naturais refletem fenômenos sociais e políticos intensificados pelo homem e que o investimento na gestão e recuperação dos ecossistemas é uma via direta para o desenvolvimento sustentável e geração de riquezas. Proteger os oceanos e as florestas e incentivar a participação das matrizes energéticas renováveis não se trata de ambientalismo romântico, é fomentar uma economia mais verde e melhor qualidade de vida.
Por: Gustavo Nobio. O autor é técnico em Meio Ambiente formado pela FUNCEFET (RJ) e voluntarioso promotor da Sustentabilidade; articulista, comunicador ambiental e fundador do site SenhorEco.org.
1 comentários:
É so jesus na causa .
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