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Cinzelar: Otimização de Processos e Valores das Atividades Humanas

Em primeira instância, hábitos de consumo satisfazem nossas necessidades fisiológicas e garantem nossa sobrevivência, algo intrínseco à natureza humana. 

Em segunda instância, hábitos de consumo dizem respeito à cultura, à tradição e à tendência de uma época. 

Em terceira instância, hábitos de consumo determinam nosso status e classificam nosso lugar na sociedade, de acordo com o poder aquisitivo de cada grupo. 

Em quarta instância, hábitos de consumo podem se tornar inconscientes, inconsequentes, induzidos, compulsivos e destrutivos. 

Em última instância, hábitos de consumo que não respeitam os limites do planeta fazem eclodir situações sociais e ambientais problemáticas e complexas que refletem globalmente uma crise de valores.

Desde o descobrimento desta e demais terras pelo mundo, ricas em biodiversidade, colonizadores e exploradores foram atraídos pela extração madeireira seguida, tempos depois, da expansão agrícola e pecuária [no caso do Brasil, por exemplo]. A degradação dos ecossistemas locais não tardou a acontecer, diminuindo a diversidade biológica e empobrecendo a qualidade do solo e dos recursos hídricos, causados pela supressão de vegetações nativas. 

Não eliminar as outras formas de vida é um dever moral e ético do homem, pois "nós devemos transmitir aos nossos filhos a herança que recebemos". Ao desmatar indiscriminadamente - superior ao que basta e que é vital para a comunidade -, contrariamos tal princípio de igualdade entre as gerações pelo fato de desconstituir de forma brutal um determinado habitat e a base da cadeia alimentar de enorme quantidade de organismos de um sistema ecológico, além de intensificar a concentração do dióxido de carbono na atmosfera.

Manter o equilíbrio físico-químico da biosfera dependerá de ações cada vez menos predatórias e evitar a devastação florestal, além de proteger os oceanos e o Ártico contra o aquecimento e a acidificação, já que os fitoplânctons são responsáveis pela produção da metade do oxigênio que respiramos e as geleiras têm a função de defletir parte da radiação solar para o espaço.

Ainda que consideremos a importância da floresta em pé para a captura de CO2 e para o ciclo das águas, mensurar o controle das emissões de gás carbônico [transportes e indústrias] e do metano [criação de gado para abate comercial] - através dos inventários divulgados pelas grandes corporações anualmente - não é suficiente, embora oriente tomadas de decisões. 

Se faz necessário que líderes políticos, organizações governamentais e poderosas iniciativas privadas mundiais fomentem urgentemente investimentos bilionários na área de Pesquisa & Desenvolvimento que promovam soluções mais efetivas às mudanças climáticas como a reciclagem de dióxido de carbono e a ecoeficiência na dieta e no cultivo de rebanhos em escala planetária. 

Incentivar massivamente a utilização de bens materiais ignorando cadeias de valor e suas consequências a longo prazo é uma lógica inversa ao preceito de Sustentabilidade, não é benéfica ao meio ambiente (por demandar mais energia e recursos) e não é vantajosa para o consumidor (por gerar mais resíduos sem necessidade e tornar a gestão do lixo e a reciclagem de materiais mais custosas).

Tecnicamente falando, somos capazes de fazer tudo muito bem feito de A a Z, porém falta esmero para guiarmos nossos atos reiterados na seara do consumismo.

Por: Gustavo Nobio. O autor é técnico em Meio Ambiente formado pela FUNCEFET (RJ) e voluntarioso promotor da Sustentabilidade; articulista, comunicador ambiental e fundador do site SenhorEco.org.

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