Translate / Traduzir

Pinguins-Reis Enfrentarão Exílio ou Morte Por Mudanças Climáticas

Há apenas 1,6 milhão de casais de pinguim-rei no mundo.

Até 70% dos pinguins-reis poderiam desaparecer até o final do século, diante das mudanças climáticas que os afastam de seu alimento, adverte um estudo publicado em 26/02/2018. 

Atualmente, existem 1,6 milhão de casais de pinguim-rei (Aptenodytes patagonicus), que são um pouco menores que os pinguins-imperadores, medindo menos de um metro. Vivem sobretudo nas ilhas subantárticas de Crozet, Kerguelen e Príncipe Eduardo, na Terra do Fogo, assim como nas Malvinas

Para pôr o ovo que a fêmea e o macho incubam de forma alternada durante mais de 50 dias, esta ave sem asas necessita de uma praia, um mar sem gelo e uma fonte de alimentos abundante e próxima para levar comida a seu bebê durante mais de um ano. 

Mas as mudanças climáticas estão empurrando as reservas de peixes e polvos de que se alimentam para o sul, longe das colônias, segundo o estudo Climate-Driven Range Shifts of the King Penguin in a Fragmented Ecosystem publicado pela revista científica Nature Climate Change

Dessa forma, suas viagens em busca de comida serão cada vez mais longas, ameaçando a sobrevivência dos pequenos e dos adultos que ficam com eles, a não ser que a espécie se instale em outras ilhas. 

"Se não for tomada nenhuma medida para parar ou limitar o aquecimento (...), a espécie poderia desaparecer em um futuro próximo". Resumiram os três principais autores do estudo, Robin Cristofari, Céline Le Bohec e Emiliano Trucchi

Capazes de explorar o oceano 

E se acontecer o pior dos cenários previstos pelo grupo de especialistas do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, "70% dos 1,6 milhão de casais reprodutores provavelmente se exilarão de forma brusca ou desaparecerão antes do final do século", segundo o estudo. 

Na hipótese climática mais otimista do IPCC, 45% da população de pinguins-reis estaria ameaçada, segundo os pesquisadores. 

A espécie conseguiu, contudo, sobreviver a outras grandes mudanças ambientais, a última há 20.000 anos. Por isso, "parecem capazes de explorar de modo eficaz o Oceano Antártico para localizar os melhores abrigos", segundo Trucchi, da universidade italiana de Ferrara

Os especialistas citam a possibilidade de que se exilem mais ao sul, por exemplo, na Ilha Bouvet

Mas nas ocasiões anteriores, os pinguins dispuseram de mais tempo para efetuar este exílio forçado, em comparação com o ritmo atual das mudanças climáticas. 

"A concorrência pelos lugares para fazer ninho e se alimentar será árdua, sobretudo com outras espécies como o pinguim-de-barbicha, o gentoo ou o de adélia, sem contar a atividade pesqueira na zona", comentou Le Bohec

Além disso, o pinguim-rei não será provavelmente o único a enfrentar o dilema de permanecer em sua colônia para se reproduzir com o risco de morrer de fome ou partir sem garantias. 

"No Oceano Antártico, as aves marinhas, entre elas muitas espécies de pinguins - até mesmo todas - assim como alguns mamíferos marinhos (como o leão-marinho subantártico) poderiam enfrentar o mesmo dilema", ressaltaram os autores do estudo.

Por: Marlowe Hood (Agence France-Presse).

0 comentários:

Postar um comentário