Translate / Traduzir

Proteger as Florestas Tropicais Pode Capturar o Equivalente a 1/3 das Emissões Globais Anuais

Eliminar o desmatamento, a degradação de turfeiras e florestas e incêndios florestais nos trópicos pode reduzir as emissões globais de carbono em dois bilhões de toneladas por ano, ou cerca de 20%, argumenta um novo estudo publicado no Global Change Biology

A pesquisa, de autoria de John Grace e Edward Mitchard, da Universidade de Edimburgo, e Emanuel Gloor, da Universidade de Leeds, [ambas do Reino Unido], analisou várias fontes e sumidouros de emissões nos trópicos. Eles descobriram que as emissões de carbono de atividades que prejudicam e destroem as florestas são quase contrabalanceadas pela regeneração florestal, reflorestamento e plantações. Reduzir as atividades destrutivas seria, portanto, um ganho líquido substancial nos esforços para conter as mudanças climáticas. 

“Se limitarmos a atividade humana nas florestas tropicais do mundo, isso pode desempenhar um papel importante em ajudar a conter o aumento no dióxido de carbono na atmosfera”, disse Grace, que liderou o estudo, em uma declaração. “Evitar mais perdas de carbono de nossas florestas tropicais deve continuar sendo uma prioridade.” 

Embora a proteção de florestas para mitigar as mudanças climáticas seja amplamente conhecida, sendo na verdade o foco do programa de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) da ONU, o estudo oferece uma avaliação mais abrangente dos fluxos de carbono nos trópicos. 

Por exemplo, Grace e seus associados estimam que o desmatamento tropical seja responsável por cerca de 8% das emissões de carbono, enquanto a degradação da exploração madeireira e outras atividades contribui com outros 3%

A degradação de turfeiras por drenagem e conversão para plantações acrescenta uma média de 5%, enquanto incêndios representam outros 2,5%. Em conjunto, essas fontes geram em média dois bilhões de toneladas de carbono anualmente, embora isso possa ser altamente variável de ano a ano dependendo do El Niño e outros fatores que podem agravar secas e incêndios. 

Em se tratando dos sumidouros, o estudo leva em conta o carbono sequestrado por plantações, florestas primárias que parecem estar absorvendo carbono a uma taxa mais rápida do que o normal e a recuperação natural das florestas via crescimento secundário. 

Esse sequestro é estimado em 1,85 bilhões de toneladas de carbono por ano. Compensando as fontes de emissões, a pesquisa sugere que as terras florestais têm o potencial de capturar 3,8 bilhões de toneladas de carbono por ano – mais do que um terço das emissões globais – se a degradação e a destruição acabassem. 

Mas essas estimativas podem ser afetadas se as temperaturas globais continuarem a aumentar, observam os pesquisadores. Outros estudos mostraram que condições mais quentes e secas podem reduzir significativamente a capacidade das florestas tropicais de sequestrarem carbono. 

Assim, essas perdas podem superar os ganhos, resultando no aumento dos níveis de dióxido de carbono. Até o final do século, os efeitos das mudanças climáticas podem aumentar as emissões de carbono das florestas em 760 milhões de toneladas por ano se as tendências atuais continuarem. 

Os autores concluem argumentando que dados precisos sobre as fontes e sumidouros de carbono necessitam se tornar “facilmente disponíveis e gratuitos” para apoiar o mecanismo de REDD+, que visa cortar emissões, compensando países tropicais com base em seu desempenho na proteção das florestas.

Por: Rhett A. Butler (Mongabay) / Tradução: Jéssica Lipinski (Instituto Carbono Brasil).

0 comentários:

Postar um comentário