A grande qualidade de Avatar (2009) é contrapor o mundo cinza da civilização capitalista ocidental ao mundo colorido e integrado dos índios. Avatar é um libelo ecológico que convence pela visualidade e pela sensação. E é também a indústria criativa, de efeitos especiais, a serviço da ecologia e da reintegração do homem com a natureza.
Visualmente, é fantástico. O diretor James Cameron usa a tecnologia para reproduzir a sensação dos povos que vivem integrados à natureza – o que é digno e traz bons resultados. Mas o enredo do longa carece de um convencimento racional. Falta um argumento importante na hora que eles debatem: por que não destruir a floresta?
No filme, a antropóloga [Grace Augustine, interpretada por Sigourney Weaver] fala da rede em que vivem os índios [o povo humanóide Na'vi], que lhes dá acesso a todas as árvores, mas não cita economia. Só quem fala do assunto é o “capitalista” que destruirá tudo para pegar minério. Aí o debate ecológico fica antigo e cai na velha oposição entre ser “ambicioso” e “capitalista” e ser “bonzinho” e “ecológico”. O ecológico fica sendo um empecilho ao desenvolvimento e à geração de riquezas. E isso está longe de ser verdade.
Cameron – tal como o padrão da política externa americana – parece não saber que a ecologia, a questão de defesa da floresta já é, também, uma questão econômica. O conhecimento indígena e a biodiversidade da floresta são o maior patrimônio cultural e “financeiro” do planeta. Tem valor inestimável. Qualquer planejamento econômico de médio prazo, menos imediatista, menos bronco, tentaria estabelecer comunicação real com os índios e iria preservar a floresta também para aumentar a riqueza. E uma riqueza biologicamente sustentável.
Cameron – tal como o padrão da política externa americana – parece não saber que a ecologia, a questão de defesa da floresta já é, também, uma questão econômica. O conhecimento indígena e a biodiversidade da floresta são o maior patrimônio cultural e “financeiro” do planeta. Tem valor inestimável. Qualquer planejamento econômico de médio prazo, menos imediatista, menos bronco, tentaria estabelecer comunicação real com os índios e iria preservar a floresta também para aumentar a riqueza. E uma riqueza biologicamente sustentável.
A ecologia não se contrapõe ao progresso: é uma nova forma de desenvolvimento econômico que, a curto prazo, poderá realocar investimentos, mas que a médio prazo irá gerar mais riquezas do que o esperado. Patentes de biodiversidade e ecoprodutos podem ser a saída mais eficiente para um desenvolvimento econômico real em nosso país.
Infelizmente, os próprios ecologistas ainda não entenderam a importância disso. Focam todos os seus esforços em “obrigar” países de primeiro mundo a frear o progresso, e se dedicam pouco (ou às vezes nada) a mostrar reais alternativas de desenvolvimento sustentável que não destruam a natureza.
Mais do que pedir eternamente para que os poderosos sejam “bonzinhos”, devemos sair da vibração de mendigos pedintes e entrar na vibração de altivos empresários ecologicamente responsáveis. Chegou a hora de parar de reclamar e começar a agir. Se conseguirmos mostrar como o desenvolvimento sustentável é uma alternativa real de geração de riquezas, aí sim a ecologia terá conquistado seu espaço.
Somos nós, dos países de terceiro mundo, que devemos mostrar que é possível criar novas alternativas de organização econômica e desenvolvimento, que possam ganhar cada vez mais mercado e, com isso, gerar alternativas efetivas para uma vida ecologicamente correta. E o Brasil pode ser a vanguarda desse novo paradigma, no qual entram com GRANDE IMPORTÂNCIA as indústrias criativas e artísticas, que são (ou deveriam ser) diretamente ligadas à ecologia.
Tais indústrias são importantes na busca por alternativas de vida ecologicamente corretas, antes de tudo, pois podem fazer como o filme Avatar: plantar no público esse sonho, essa alternativa. Quando as pessoas se derem conta que existem alternativas reais para a vida, elas poderão começar a lutar por ela.
A vida dos “primitivos” é muito mais divertida do que a vida dos desenvolvidos, que ficam sempre presos em salas escuras, cercados de obsessão pelo poder. Essa vida, que a maioria de nós ainda vive, é muito chata. Ser criativo e ecológico não é apenas uma questão política. Não temos que ser ecológicos apenas para salvar o planeta. Temos que ser ecológicos pois estamos cansados de viver presos dentro de salas escuras em uma procura incessante por riquezas imediatas.
A tristeza é que a maioria dos futuros candidatos políticos ainda estão na era pré-ecológica. Começaram tardiamente a perceber que existe ecologia e ainda não entenderam a importância, inclusive econômica, das indústrias criativas. Chegou a hora da ONU – ou de quem for – fazer (...) alternativas reais de desenvolvimento sustentável.
A produção artística e as indústrias criativas podem sim fazer muito pela ecologia. Muito mais do que filmes que defendem a causa, elas podem ser a própria solução para a geração de produtos ecologicamente corretos e para o surgimento de um ciclo de desenvolvimento sustentável.
Por: Newton Cannito (Cineasta e escritor). Texto publicado originalmente no site Cultura e Mercado.
4 comentários:
Que tal, em vez de aprofundar a dose de crescimento, acumulação e "progresso" material que a humanidade inventou nos últimos 3 séculos, imaginando que a hiperdose possa ser, então, 'sustentável', fazer o exercício singelo de separar 'economia' de 'progresso material'?
Bom essa proposta seria muito boa para nos dá sociedade moderna, pois nos exagerados muito no consumo de material, seria bom se diminuircimos o consumo do mesmo e só comprasse aquilo que vamos usar, assim diminuindo o desperdício e equilibrando o consumismo do mundo
Seria uma Ótima proposta. Deveriamos ter mais equilibrio sobre o que consumir e como consumir.
Nosso País é rico em Muitos aspectos; uns deles é tecnologia e Industria.
Deveria ter mais conscientizaçāo da populaçāo e dos governos como agir ao dever e direito dos Povos. Assin tornariamos um País igualitário para com cada um.
Usufruindo da maneira certa concerteza traria uma otimo Percentual.
... E como diz a canção, "sol e chuva ao solo que produz o pão.../fauna e flora em perfeita comunhão...": https://open.spotify.com/track/1b6BteTFUMy0TPkCvzRopo
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