Foto: Greenpeace. |
O estudo foi encomendado pelo Greenpeace da Ásia Oriental e analisou 82 produtos — entre roupas e calçados adultos e infantis, camisetas, macacões, casacos, jaquetas e maiôs — comprados em 25 países diferentes entre maio e junho de 2013. As lojas também variaram de grandes varejistas a pequenos comércios. American Apparel, Burberry, C&A, Disney, Gap, H&M, Primark, Puma, Uniqlo e, especialmente, Adidas, LiNing e Nike apresentaram resultados que preocuparam a entidade.
Em 61% das amostras, por exemplo, foi encontrado etoxilato de nonilfenol (NPE), que no ambiente se quebra resultando em nonilfenóis, reconhecidamente tóxicos. Mais do que isso, 94% de produtos com impressões de plastisol continham ftalatos — disruptores hormonais que, segundo o Greenpeace, interferem no desenvolvimento dos órgãos reprodutivos masculinos e na reprodução feminina. O estudo completo divulgado pela entidade, intitulado A Little Story About the Monsters In Your Closet (“Uma pequena história sobre os monstros no seu armário”, em tradução livre), está integralmente disponível online.
Diversas marcas contestaram o estudo, alegando que estão dentro das normas estabelecidas pela indústria, o que talvez ainda seja acima do indicado pelos estudos. Na avaliação do engenheiro agrônomo e militante ambiental Luiz Jacques Saldanha, ainda que as grandes empresas não se ajustem completamente ao padrão proposto pela entidade, “Só esta percepção que o Greenpeace nos desperta — a de que nossas roupas, incluindo de nossos recém-nascidos, são envenenadas — já torna sua campanha exitosa”.
Saldanha traça um breve histórico das moléculas artificiais, questiona o modo como foram impostas até se tornarem parte do cotidiano de todo o mundo e destaca as possíveis alternativas para uma produção e consumo sustentável. Defende também maior participação e interesse do consumidor e oferece dicas simples para aqueles que desejam buscar produtos mais seguros para o uso humano.
Para Saldanha, a verdadeira sustentabilidade é aquela que retorna à natureza, deixando de lado as partículas artificiais que “não são reconhecidas pela Vida” e entram em choque com os organismos vivos. O ambientalista relembra que, mesmo recorrendo a matérias-primas naturais, a poluição é inevitável. No entanto, “esta é a equação da sustentabilidade: produtos com os quais a natureza possa ‘dialogar’ e em quantidade compatível com a capacidade de absorção do ecossistema”, ressalta.
Luiz Jacques Saldanha é engenheiro agrônomo e bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Educador e ambientalista, é um dos colaboradores do blog Nosso Futuro Roubado.
“O Greenpeace está trazendo à luz o engano desta opção industrial, que já teve seu tempo, para mostrar como (o uso de partículas artificiais) vem destruindo a vida em todos os ecossistemas”, afirma o ambientalista. Clique aqui e leia a entrevista na íntegra.Fonte: I.H.U. Por: Andriolli Costa.
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