A crise energética já é uma realidade ao redor do mundo, com investimentos em setores como o carvão, petróleo, gás de xisto e até mesmo hidroelétricas sendo criticados por seus impactos socioambientais.
Assim, muito especialistas do setor vêm defendendo um uso mais inteligente da energia que já temos, e a eficiência passa a ser a palavra-chave. Em um relatório de 2013, a Agência Internacional de Energia chegou a colocar a eficiência energética no topo da lista de soluções rápidas para manter o planeta dentro da faixa de aumento de 2ºC nas temperaturas globais.
Nesse sentido, uma nova análise do HSBC estima que o mercado global para a eficiência energética já alcança cerca de US$ 365 bilhões.
A publicação apresenta análises detalhadas dos atuais investimentos aplicados nos diferentes setores da cadeira de valores da eficiência energética, em especial da indústria, edifícios e transporte, e sugere melhorias, identificando oportunidades que precisam ser aceleradas para se chegar a uma economia de baixo carbono.
Por exemplo, o estudo revela que os fluxos de novos investimentos em edifícios residenciais são 3,5 vezes maiores do que os não residenciais.
Com US$ 271 bilhões, o setor de edifícios e equipamentos equivale a mais de um terço do total de investimentos. Dentro do setor, a maior sub-categoria, com US$ 72 bilhões, é o setor de isolamento de ambientes e melhoria do desempenho energético.
A reforma dos edifícios é um mercado maior do que as novas construções, aponta o relatório, e por isso é amplamente aceita a necessidade de aumentar as taxas de retrofit das construções existentes, mas os incentivos para tal ainda são fracos.
Na análise, constatou-se que a maior parte dos investimentos está nos países da OCDE, com exceção daqueles no setor industrial, no qual investimentos na Ásia, especialmente na China, são significativos.
"Acreditamos que ampliar a escala da eficiência energética continua sendo uma escolha óbvia de alto impacto e baixo custo para ajudar a reduzir emissões", ressalta o relatório.
No ponto de vista do HSBC, a oportunidade de otimização do crescimento econômico em relação ao uso de energia não está nem perto de estar atendida.
Enquanto a Alemanha é apontada como um país que se destaca, tendo passado pelo pico de consumo de energia décadas atrás (1979), a vasta maioria dos países precisaria melhorar os esforços em termos de eficiência.
O Ecofys, que desenvolveu o relatório para o HSBC, constatou que 30 novas políticas de eficiência energética foram criadas em 2013, uma leve queda em relação às 34 reportadas em 2012.
A expectativa é que, alinhado com a Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas - que precisa entregar um novo acordo até o próximo ano -, isso melhore apenas em 2015, já que 2014 é ano eleitoral em muitos países, como o Brasil.
A grande expectativa que traz a publicação é que os investimentos recebam um impulso junto com a crescente atividade de mobilização de títulos para financiar a economia de baixo carbono. A estimativa é que a emissão de títulos alinhados com a economia climática tenha crescido para US$ 74 bilhões em 2012, subindo 25% em relação a 2011.
Até agora, o mercado de 'títulos verdes' tem sido dominado por supranacionais, agências e bancos de desenvolvimento multilateral.
"A motivação regulatória, especificamente as restrições sobre o carbono, e questões de segurança energética, benefícios para a saúde e competitividade industrial, já estão criadas para apoiar o crescimento dos segmentos da eficiência energética. Esperamos que o aumento dos investimentos especificamente alinhados para a eficiência energética seja fornecido através do mercado de títulos", conclui o relatório.
Por: Fernanda B. Müller (Instituto Carbono Brasil).
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