Atlas aponta que entre 1971 e 1980 foram 743 eventos extremos, já entre 2001 e 2010 aconteceram 3.496; nos últimos quarenta anos, essas tragédias resultaram em 1,94 milhão de mortes e US$ 2,4 trilhões em prejuízos.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou em 14/07/2014 o Atlas de Mortalidade e Perdas Econômicas do Tempo, Clima e Extremos Hídricos 1970-2012 (Atlas of Mortality and Economic Losses from Weather, Climate and Water Extremes 1970-2012), que serve como um choque de realidade para todos nós.
De acordo com o documento, desde 1970 aconteceram 8.835 desastres climáticos, com 1,94 milhão de mortes e US$ 2,4 trilhão em prejuízos.
O Atlas mostra como a cada década o número de eventos extremos foi aumentando. Entre 1971 e 1980 foram 753; entre 1981 e 1990, 1.534; entre 1991 e 2000, 2.386; e entre 2001-2010, 3.496.
“Desastres causados pelo clima e relacionados com a água estão aumentando por todo o mundo. Tanto países industrializados quanto não industrializados estão sofrendo com cheias repetidas, secas, temperaturas extremas e tempestades (…) As variabilidades naturais estão agora exacerbadas pelas mudanças climáticas induzidas pela humanidade”, afirmou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM.
Tempestades e enchentes somam 79% do total de desastres relacionados ao clima, e causaram 55% das perdas de vidas e 86% dos prejuízos entre 1970 e 2012. Por sua vez, as secas provocaram 35% das mortes.
Os eventos com mais fatalidades foram a seca na Etiópia em 1983 e o ciclone Bhola em Bangladesh em 1970, com 300 mil mortes cada um.
Já o furacão Katrina nos Estados Unidos em 2005 foi o que trouxe mais prejuízos, US$ 146 bilhões. Os norte-americanos também sofreram com o segundo maior evento em perdas econômicas, a super tempestade Sandy, em 2012, US$ 50 bilhões.
Na América do Sul ocorreram 696 eventos extremos entre 1970 e 2012, resultando nas mortes de 54 mil pessoas e em US$ 71,8 bilhões em perdas. O pior desastre foi a enchente em 1999 na Venezuela, que tirou 30 mil vidas.
No Brasil, a enchente e os deslizamentos de terra em 2011 no Rio de Janeiro, com 900 mortes, foram o evento mais letal. O que trouxe mais prejuízo foi a seca de 1978, resultando em perdas de US$ 8,1 bilhões.
A OMM estima que os números reais devem ser bem piores, já que pelo menos 50% das informações sobre um determinado evento se perdem antes de serem coletadas.
Assim, o Atlas salienta a importância do monitoramento e da coleta de dados, que servem para direcionar recursos de forma mais eficiente para as regiões mais necessitadas.
“Coletar dados globais é um grande desafio. Agências climáticas e meteorológicas estão trabalhando com pesquisadores para superar essa dificuldade. Essa parceria produz análises que ajudam na tomada de decisões que reduzem as perdas de vidas, como o investimento de sistemas de alerta nas comunidades mais vulneráveis”, afirmou Debarati Sapir, diretora do Centro de Pesquisas de Desastres da Universidade de Louvain, que trabalhou na elaboração do Atlas.
A OMM pede ainda que a comunidade internacional invista cada vez mais na prevenção de desastres, na gestão de riscos e na transferência de tecnologias para os países mais pobres.
“Melhores sistemas de alerta e gestão estão ajudando a prevenir perdas de vidas. Mas os impactos socioeconômicos dos desastres estão aumentando por causa da sua maior frequência e intensidade e pela crescente vulnerabilidade das sociedades humanas”, concluiu Jarraud.
Por: Fabiano Ávila (Instituto Carbono Brasil).
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