Um homem caminha no meio do deserto fustigado por uma temperatura de cinquenta graus centígrados, sua garganta seca anseia violentamente matar a sede e os seus pés calejados já não aguentam mais a tortuosa trilha sobre um solo tão ressequido. Mas ele sonha com um oásis: encontrar água fresca em abundância e um lugar verde e paradisíaco. Com o implemento de ações e tomada de decisões, o homem pode de fato ter acesso à saída para sua bem-aventurança desde que ele acredite que suas atitudes fazem toda diferença na vida.
É uma questão pragmática, pois "os problemas são problemas demais se não correr atrás da maneira certa de solucionar" – como dizia o afrociberdélico mangueboy Chico Science. De um jeito ou de outro, os seres humanos estão sempre envolvidos em situações dilemáticas e todas as dificuldades que enfrentamos no dia a dia poderiam ser minimizadas com mais cooperativismo, se superássemos a visão limitada de mundo e pensássemos no maior bem possível para o maior número possível de pessoas.
Todavia, o amargor da realidade é bem diferente de qualquer doce utopia enquanto os interesses individuais tiverem única e exclusivamente a ambição da busca do poder pelo poder, tentando limitar ou estagnar ações coletivas de desenvolvimento socioeconômico que possam ameaçar o sustentáculo de antigos 'feudos'.
Gerar riquezas em enorme escala só é possível a partir da utilização de recursos, insumos, vasta mão de obra, matéria-prima e tecnologia trazendo prosperidade e acúmulo de capital sob domínio de um pequeno escol da sociedade global. A repartição de toda abastança de bens gerados e os lucros provenientes nunca foi equitativa e igualitária para a grande força produtiva que é o povo – tradicionalmente amarrado a uma relação de dependência limitadora e opressora.
A feraz massa popular – que emprega seus esforços de forma árdua para suprir a demanda pelas crescentes necessidades econômicas do homem – é a que mais padece e padecerá vítima da contaminação atmosférica devido à concentração dos gases liberados pela combustão do diesel e outros combustíveis usados nos auto-motores, aumentando a incidência do câncer de pulmão e das doenças cardiovasculares. Tudo isso em nome do progresso consumista.
Dados de um relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde indicam e sugerem que é extremamente necessário que haja uma mudança de paradigmas de produção industrial, redução das emissões de poluentes, cortes de subsídios ao lucrativo incremento petrolífero e incentivo ao uso cada vez maior das energias renováveis [solar e eólica]. Estas seriam soluções viáveis já que a proposta de "carbono zero" – tão 'defendida' pelos governos mundiais, mas que nada fazem – soa como roteiro de ficção científica, conforme contundente crítica do cientista político Oliver Geden.
Se o atual modelo de desenvolvimento não acompanhar e não fomentar um melhor cenário socioambiental [hábitos de consumo, equilíbrio entre classes sociais, diminuição da pobreza, da fome e da degradação do meio natural], fatalmente o saldo não será positivo. Conta que ninguém vai querer pagar, embora todos queiram levar uma vida mais qualificativa.
Segundo prognósticos, daqui a alguns anos os custos com saúde pública decorrentes da má qualidade do ar poderão ser tão excessivos [na casa dos bilhões de dólares ou mais] que um colapso junto à expansão demográfica será inevitável e catastrófico: um novo holocausto, "extermínio" de milhões de pessoas enfermas, sem atendimento e sem cuidados médicos.
Por um princípio ético, o que quero nem sempre eu posso, o que eu posso nem sempre eu devo, o que eu devo nem sempre eu quero, mas é certo que sempre precisamos nos questionar a respeito. Isso vale para todas as pessoas que creem que atitudes morais censuráveis que tragam prejuízos para si, para o outro ou para o meio consequentemente perturbam a ordem natural das coisas.
Instintivamente, cada passo que nós damos nos permite caminhar sem precisar pensar no engenho que envolve o ato. Mas somente o bom senso será capaz de contribuir para alterar o rumo dos acontecimentos que definem nossas vidas. A habilidade de agir no mundo é um conhecimento de imenso valor e a depender do direcionamento pode nos levar à guerra ou à paz.
No filme O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (Terminator 2: The Judgement Day; 1991), prevendo tempos nebulosos, o pequeno John Connor pergunta ao T-800:
– Não sobreviveremos, não é?
E o ciborgue responde:
– É da natureza de vocês se destruírem.
Será que temos de agir assim??? Prefiro crer que não!!!
"No tempo em que o poder do capital imperar, a poesia será um mero 'balbuciar'; o óleo continuará a manchar o mar; famintas, as crianças vão chorar; e o sangue jamais vai estancar." Cônscio Gusnob.
Por: Gustavo Nobio. Sustentabilista, comunicador ambiental, articulista e administrador de conteúdo da mídia online #SenhorEco. Técnico em Meio Ambiente pela FUNCEFET (RJ).
1 comentários:
Recebi no in box do face e ja vim aqui conferir., Estou gostando. Belo texto. Belo blog.Parabéns
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