O Brasil enfrenta problemas sociais complexos que impactam, direta e indiretamente, toda a população
em áreas como educação, saúde, moradia, geração de emprego e distribuição de renda. As ações
governamentais, os investimentos de empresas e o dinheiro de pessoas físicas engajadas com a filantropia
têm tido papel importante na melhoria destes indicadores sociais. Mas são insuficientes. É necessário e possível atrair mais capital para financiar soluções inovadoras que
respondam aos problemas sociais numa escala de grandeza proporcional ao tamanho de seus desafios.
Como resposta a esta necessidade, surge o campo das Finanças Sociais, composto essencialmente por
investimentos que geram, ao mesmo tempo, retorno social e rentabilidade financeira, e pelos Negócios
de Impacto – que se diferenciam dos negócios tradicionais por atenderem a quatro princípios-chave:
uma missão social e/ou ambiental, o monitoramento de seu impacto social e ambiental, a lógica
econômica e uma governança efetiva e inclusiva.
Há poucos anos, investidores e empreendedores com esta visão eram raros. Hoje, somados a grandes
empresas, bancos, fundações, organismos multilaterais e governos e usando esta lógica de impacto
e performance financeira, formam um ecossistema em forte crescimento, que espera movimentar nos
próximos anos cerca de US$ 1 trilhão no mundo e R$ 50 bilhões no Brasil.
Este campo, ainda em construção, envolve muitos atores repensando seu compromisso com o impacto.
Destacam-se empreendedores cujos negócios já beneficiaram milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade
com produtos e serviços simples e acessíveis, investidores que incluíram a dimensão de impacto na
sua análise de risco-retorno, ONGs que se sustentam a partir de um modelo de geração de receita própria
e governos que buscam fazer contratos com foco em impacto mensurável.
Pretende-se transformar as Finanças Sociais num ecossistema afinado, com mecanismos sólidos e princípios claros. Ainda estamos na sua infância no Brasil. Porém, foi aspirando esse horizonte que a Força Tarefa de Finanças Sociais buscou, de forma colaborativa, construir uma fotografia do presente e metas para o futuro.
O documento Finanças Sociais: Soluções Para Desafios Sociais e Ambientais – Uma Nova Mentalidade Para Gerenciar Recursos e Necessidades da Sociedade [download em formato pdf] traz o histórico de colaborações de mais de 500 pessoas que, ao longo dos últimos
dois anos, trabalharam para produzir diversos estudos e pesquisas, além de 15 recomendações definidas
como prioritárias para o fortalecimento da agenda de Finanças Sociais até 2020.
Sem a contribuição de pessoas e organizações – que refletiram, discutiram, estabeleceram conexões
e buscaram referências – esse resultado não teria sido possível.
A missão é articular a rede de relações para atrair investidores, empreendedores, governos e parceiros
para que façam acontecer modelos de negócios rentáveis que resolvam problemas sociais ou ambientais
e, com isso, mudem a mentalidade sobre como gerenciar recursos e necessidades da sociedade.
O que são
Finanças
Sociais
As Finanças Sociais referem-se
ao direcionamento de capital
público e privado a Negócios
de Impacto ou a ações que utilizam mecanismos financeiros
com o compromisso de gerar
impacto social com sustentabilidade financeira. Elas se diferenciam da filantropia e das
finanças tradicionais por combinar quatro características:
1.
Compromisso do capital
com o impacto social positivo
e com retorno financeiro. Governos, indivíduos e setor privado
motivados a doar, investir ou contratar com a intenção de promover uma melhoria da qualidade
de vida da população.
2.
Mecanismos financeiros de
impacto. Instrumentos e modalidades financeiras (como fundos
de investimento, títulos de impacto
social ou plataformas de crowdfunding)
que possibilitam a contratação
e circulação do capital para
ações ou Negócios de Impacto.
3.
Investimento em
Modelos
de
Negócios rentáveis que
resolvam problemas sociais.
Foco em empreendimentos que
têm a missão explícita de gerar
impacto social ao mesmo tempo
em que geram resultado financeiro positivo e de forma sustentável (que pode ser reinvestido no
negócio de impacto ou devolvido
aos investidores).
4.
Monitoramento e mensuração do impacto. As ações
implementadas precisam comunicar periodicamente seu impacto nos indicadores sociais e seu
resultado financeiro.
Fonte: Força Tarefa de Finanças Sociais.
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