Um dos materiais essenciais para o nosso cotidiano é o plástico. Está presente em quase todos os lugares que frequentamos, estando presente nas garrafas pet de todo tipo, sacos plásticos, brinquedos, e outros produtos afins. No entanto, ao longo do tempo, nos descuidamos de sua destinação final. Como decorrência do uso inadequado, o plástico está causando enormes problemas ambientais como indica recente relatório apresentado no Fórum de Davos [Fórum Econômico Mundial: organização sem fins lucrativos baseada em Genebra] pela Consultoria McKinsey & Co. e a ONG Ocean Conservancy intitulado A Nova Economia do Plástico: Repensando o Futuro.
De acordo com o relatório, os oceanos poderão ter mais plástico do que peixes em 2050 caso não se reverta o atual sistema pelo qual se usa, produz e se descarta esse material. Nos últimos 50 anos o plástico teve multiplicada por 20 a sua utilização. Cada ano, pelo menos, 8 milhões de toneladas são lançadas nos oceanos, o que equivale a descartar o conteúdo de um caminhão de lixo no oceano a cada minuto. Se não forem adotadas medidas efetivas, a expectativa é que se aumente para quatro caminhões por minuto no ano de 2050.
Do plástico produzido no mundo todo, mais de 70% ou é depositado em aterros ou lançados nos cursos d’água resultando em um custo de 13 bilhões de dólares por ano em perdas para as indústrias do turismo, navegação e pesca. O plástico perturba os ecossistemas marinhos e ameaça a segurança alimentar das pessoas que dependem da pesca para a subsistência. O que para os seres humanos é um item de conforto, para os animais marinhos é uma bomba flutuante. O custo ambiental expressa a irracionalidade da utilização de um material tão importante da economia moderna.
O relatório defende a utilização de um novo modelo baseado na criação de caminhos efetivos para a destinação dos plásticos após o seu uso, quais sejam; o de reduzir drasticamente o descarte desse material em sistemas naturais, em particular os oceanos; e encontrar alternativas à utilização do petróleo e do gás natural como matéria-prima na produção do plástico. Destaca, ainda, a necessidade de integrar em um plano de ação, medidas que até agora foram tomadas de forma isolada, tais como: avanços na tecnologia das embalagens, novos processos de reciclagem de plásticos, desenvolvimento de infraestruturas para a captação de resíduos e políticas públicas para regulamentar o acondicionamento de produtos em embalagens.
Os dados apresentados pelo Informe podem ser vistos pela comunidade empresarial como uma oportunidade de negócios sustentável no médio e longo prazo, pois trata-se de reintroduzir na economia uma enorme quantidade de material reutilizável e de fácil acesso nos grandes centros urbanos. A questão central para que isso ocorra é a adoção de maior profissionalização e adoção de práticas de reciclagem que evitem a exploração de pessoas pobres que buscam ganhar algum dinheiro com a venda do material. A reciclagem profissionalizada transformaria catadores eventuais em funcionários remunerados, tirando-os da marginalidade.
Para que ocorra um encaminhamento adequado da questão do plástico, é necessária a participação mais ativa do poder público no incentivo de negócios com viabilidade econômica, que contribuirão efetivamente para maior integração social gerando aumento de postos de trabalho e contribuindo para a melhoria do meio ambiente, retirando da natureza materiais poluentes que se transformarão em matéria-prima.
Não há solução para a questão do descarte de plástico na natureza sem educação ambiental, que necessariamente deve ser responsabilidade do poder público. O que se faz com atividades permanentes e sistemáticas, ações interdisciplinares - envolvendo instituições de educação de todos os níveis - e campanhas periódicas com foco em situações específicas que exigem ação mais imediata, como no caso de grandes eventos.
Por: Reinaldo Dias (Envolverde). Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela Unicamp; especialista em Ciências Ambientais.
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