Valendo-se como uma forma de observação do clima e de monitoramento da poluição atmosférica procedente das atividades humanas, a medição da temperatura do globo terrestre começou a ser feita no ano de 1880 [um século depois da tecnologia a vapor ter sido inventada por James Watt, em 1769 - como lembra GOMES, L. (2014)] e desde que o primeiro tear mecânico pôs a industrialização em movimento ascendente década após são recorrentes as notícias que elegem "o ano mais quente de todos os tempos". E faz pensar que é meramente mais uma onda de calor que impulsiona as vendas e atrai turistas para os trópicos, se não fosse pela intensificação das altas temperaturas a cada verão em um planeta que já registra um aumento médio de 1,02 grau Celsius se comparado com o início da Revolução Industrial.
Normalmente eu e você podemos ter dois tipos de reação diante de tal manchete: ficar consciente e atento em relação ao agravamento do efeito estufa ou ter uma tendência instintiva à negação. Se o consenso científico quanto ao aquecimento global ainda não é suficiente para convencer a todos, simplesmente negar um problema de dimensões catastróficas não resolve a situação - preponderante nas mudanças climáticas e em crises hídrica e alimentar.
Bloquear a mente contra medos existenciais é uma mecanismo natural do ser humano que o ajuda a evitar estresses e amenizar a ideia de finitude; por isso, quase sempre, desviamos nossa atenção para banalidades cotidianas e tentamos ser mais felizes assim, não importando se o indivíduo é rico ou pobre, culto ou iletrado. Mais grave do que a incompreensão ou a falta de informação é fechar os olhos para as evidências de um ecocídio anunciado, quando a soberba do homem o deixa convencido de que é "imune aos perigos do mundo". Refutar o funcionamento da atmosfera e a química da Terra soa como afirmar que o mundo é uma superfície plana, portanto, não se trata de relativismo, é rejeitar uma verdade absoluta.
Em linhas gerais, a poluição atmosférica é resultado do aumento da concentração de gases como nitrogênio reativo, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, etc., e de partículas na atmosfera. Isso ocorre porque o processo de emissão para a atmosfera supera o processo de retirada do material da atmosfera. O aumento da concentração de gases pode ser global como o aumento do efeito estufa ou localizado, como é o caso da poluição sobre as cidades. A principal atividade antrópica que afeta a atmosfera é a queima de combustível e a queima de biomassa (restos de vegetais e florestas). (CARDOSO, A.A.; 2012)
O negacionismo climático pode ser explicado por três razões básicas: total desconhecimento sobre o assunto em questão, o que não é nenhum defeito; repetição de um boato que tenta estabelecer confusão e incerteza; ou protecionismo de grandes interesses econômicos [leia-se 'lobby'] que incentivam a exploração incessante de matrizes energéticas sujas e uso de agrotóxicos. Apesar de tudo, não existe problema maior do que insistir no erro de seguir o caminho mais fácil para a destruição a fim de compensar depois danos irreversíveis - atitude esta que, como numa combustão, é um subproduto da estupidez humana que também polui.
O fluxo de carbono [extração de petróleo, gás natural e carvão do interior da crosta terrestre] é um processo que precisa, mais do que nunca, ser revisto e readaptado a um novo paradigma de desenvolvimento, pois o uso intensivo dos produtos derivados hoje é extremamente significativo para a atmosfera devido ao intermitente transporte e depósito dos átomos de carbono nas alturas da nossa biosfera.
Referências:
O fluxo de carbono [extração de petróleo, gás natural e carvão do interior da crosta terrestre] é um processo que precisa, mais do que nunca, ser revisto e readaptado a um novo paradigma de desenvolvimento, pois o uso intensivo dos produtos derivados hoje é extremamente significativo para a atmosfera devido ao intermitente transporte e depósito dos átomos de carbono nas alturas da nossa biosfera.
Referências:
- CARDOSO, Arnaldo Alves. Atmosfera e química no planeta Terra. In: ROSA, André Henrique; FRACETO, Leonardo Fernandes; MOSCHINI-CARLOS, Viviane. (Org.). Meio ambiente e sustentabilidade. Porto Alegre: Bookman, 2012.
- GOMES, Laurentino. 1808 (Edição revisada e ampliada). São Paulo: Editora Globo, 2014.
Por: Gustavo Nobio. O autor é técnico em Meio Ambiente formado pela FUNCEFET (RJ) e voluntarioso promotor da Sustentabilidade; articulista, comunicador ambiental e fundador do site SenhorEco.org.
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