Fiji (acima) é um dos lugares em que a biodiversidade melhorou. Foto: Wikipédia.
Depois de 25 anos, pesquisadores apresentam evidências de que a Rio 92 trouxe resultados positivos à conservação de espécies. A partir o encontro de cúpula realizado na capital fluminense, foram investidos U$ 14,4 bilhões de dólares por governos e organizações não governamentais ao longo de onze anos, que ajudaram a reduzir o ritmo de extinções ao redor do globo.
Em um artigo publicado na revista Nature [Reductions in Global Biodiversity Loss Predicted from Conservation Spending], uma equipe internacional de pesquisadores afirma que os investimentos feitos entre 1992 e 2003 conseguiram reduzir em 29% as extinções globais de espécies, entre 1996 e 2008. Para os autores, o resultado é um incentivo para os tomadores de decisão financiarem devidamente a proteção da biodiversidade.
“Por 25 anos, nós sabíamos que precisávamos investir mais na conservação da natureza ou enfrentar uma extinção massiva tão séria quanto a dos dinossauros”, afirmou o ecólogo Anthony Waldron, da Universidades Nacional da Cingapura, Oxford e de Illinois, em texto divulgado pelo serviço de notícias científica Eurekalert. “Mas os governantes e doadores não estavam dispostos a chegar aos orçamentos necessários, frequentemente porque havia poucas evidências de que o dinheiro investido na conservação trazia algum bem”.
Com base em informações sobre o estado de conservação de espécies publicadas no Livro Vermelho da União Internacional, os autores determinaram o quanto o declínio de uma espécie poderia ser atribuído a cada país. Eles já haviam apresentado os gastos em conservação pelas nações em um artigo publicado em 2013, na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). O estudo recorreu também a dados econômicos do Banco Mundial.
Conforme os dados apresentados, sete países são responsáveis por 60% da perda mundial da biodiversidade: Indonésia, Malásia, Papua Nova Guiné, China, Índia, Austrália e, principalmente por perda de espécies no Havaí, EUA. Em sentido oposto, a biodiversidade de outros sete países melhorou: Maurício, Seicheles, Fiji, Samoa, Tonga, Polônia e Ucrânia.
O estudo demonstra que, em países pobres e aqueles que abrigam mais espécies, os investimentos em conservação têm maior impacto. Mas enquanto o crescimento econômico tem menos efeito sobre as espécies em países menos desenvolvidos, a expansão agrícola tende a ser mais grave para a biodiversidade em nações com menos terras já usadas para a agricultura.
O estudo demonstra também que o tamanho do país, o número de espécies presentes e o estado de conservação delas no início do período de estudo desempenham papel importante nas taxas de declínio da biodiversidade. Para o decano da Escola de Ecologia Odum da Universidade da Georgia, John Gittleman, o artigo tem uma mensagem clara e positiva: “Financiar a conservação funciona”. A boa notícia é que muita biodiversidade pode ser protegida com baixos investimentos em países em desenvolvimento com grande número de espécies”.
Por: Vandré Fonseca (O Eco).
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