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A frase "pior do que pensávamos" é um clichê quando se trata de mudança climática. Há muitos estudos sugerindo que estamos aquecendo mais e com consequências piores do que pensamos, e poucos dizem que isso não será tão ruim. Mas adivinhe: é pior do que pensamos.
Um estudo sobre a economia global futura - publicado pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) - concluiu que o pior cenário usado pelos cientistas do clima não é, na verdade, o pior caso.
O quanto o clima mudará depende de quanto gás de efeito estufa emitimos, o que, por sua vez, depende das escolhas que fazemos como sociedade - incluindo como a economia global se comporta. Para lidar com isso, os climatologistas usam quatro cenários chamados RCPs [Representative concentration pathway], cada um dos quais descreve um futuro possível diferente.
O cenário RCP8.5 é o pior para o clima. Assume o crescimento econômico rápido e irrestrito e a queima desenfreada de combustíveis fósseis.
Parece agora que o RCP8.5 pode ter subestimado as emissões que resultariam se seguíssemos o caminho econômico que ele descreve.
Mais dinheiro, mais emissões
"Nossas estimativas indicam que, devido a taxas de crescimento econômico mais altas do que presumidas, há uma probabilidade maior do que 35% de que as concentrações de emissões do ano 2100 excedam as dadas pelo RCP8.5", diz Peter Christensen, da University of Illinois, Urbana-Champaign.
Em certo sentido, não é tão ruim assim. RCP8.5 assume que nenhuma ação é tomada para limitar o aquecimento, o que é improvável. "Já fixamos uma certa política climática", diz Glen Peters, do Centro de Pesquisas Climáticas Internacionais, na Noruega.
Mas a implicação preocupante é que as emissões podem ser muito mais altas do que o esperado, mesmo que a ação climática continue e seja aumentada. "Os resultados também afetarão as estimativas dos caminhos de emissões sob uma variedade de cenários políticos", diz Christensen.
Enquanto alguns afirmam que a ligação entre o crescimento econômico e as emissões de gases de efeito estufa foi quebrada - ou "desacoplada" -, ela só foi enfraquecida. As emissões de carbono aumentaram na União Européia nos últimos quatro anos, conforme cresce o crescimento econômico, assinala Peters. Em 2017, as emissões da UE aumentaram 1,8%.
Por: Michael Le Page (New Scientist).
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