Uma das grandes preocupações para quem ama ciência e tecnologia é onde conseguir fontes energéticas que supram a necessidade de pesquisa e produção enquanto asseguram um mundo mais sadio e limpo para as gerações que virão. As energias renováveis, como a eólica e solar, encontram cada vez mais espaço nas produções por serem consideradas fontes de energia limpa, enquanto as energias não renováveis, como os combustíveis derivados do petróleo, são vistas como um perigo à saúde do planeta e, em conseqüência, da humanidade.
As energias nucleares, por sua vez, são apontadas como principais quando o assunto é produzir grandes quantidades de energia para a indústria e pesquisa, mas causam insegurança por serem utilizadas fontes de radiação nesse sistema de produção energético, o que pode ser uma dor de cabeça ecológica, além de elevar os custos por preocupações com segurança e extração.
Mas toda essa discussão de prós e contras na utilização da energia nuclear pode ganhar novos pesos com a publicação feita pelo Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico (PNNL, na sigla em inglês), instituição de pesquisa ligada ao governo dos EUA que, em parceria com a LCW Supercritical Technologies, anunciou a descoberta de um método prático, razoavelmente ágil, barato e seguro de extrair energia do urânio disponível na água do mar com o uso de materiais sintéticos econômicos e reutilizáveis.
Recurso abundante
A água do mar contém, além do sal, sulfatos, magnésio, potássio, brometos, flúor, ouro e, em pequenas quantidades, na concentração aproximada de 3,3 microgramas por litro, urânio. O elemento foi a primeira substância a ser utilizada para pesquisas em radioatividade pelas mãos da pesquisadora Marie Curie, e nos dias atuais encontra uso de três de seus isótopos, U-234, U-235 e U-238, para a produção de energia nuclear.
Anteriormente, o Instituto de Pesquisa de Energia Atômica japonês tentou utilizar tapetes de polímero para extrair os átomos de urânio da água do mar, mas a técnica se mostrou inviavelmente cara. Quem também tentou baratear o processo foi o laboratório estadunidense National Oak Ridge, que não obteve metodologia que tornasse a extração economicamente interessante. Entretanto, as pesquisas recentes pelas mãos da PNNL conseguiram um feito admirável: extrair, com o uso de apenas 1 quilograma de fibras acrílicas de baixo custo e que ainda podem ser reutilizadas posteriormente de forma segura, 5 gramas de urânio em pó após circular por um mês a água do mar em um tanque onde moléculas nas fibras sintéticas se ligam quimicamente ao elemento radioativo, facilitando sua captura.
Segundo o que publicou Gary Gill, pesquisador no PNNL, 5 gramas de urânio podem parecer pouca coisa num primeiro olhar, mas considerando que o oceano pode abrigar cerca de 4 mil milhões de toneladas do material é fácil chegar à conclusão que o método poderia encontrar uma forma barata e segura de gerar energia para sustentar a demanda crescente da Terra pelos próximos mil milhões de anos. A promessa é de energia limpa, acessível e praticamente infinita.
E não é só isso: a PNNL acredita que a fibra sintética utilizada ainda pode contribuir para ações de limpeza em cursos de água contaminados por metais pesados, como na tragédia que ocorreu em 2015 em Mariana, Minas Gerais.
Agora, os pesquisadores contam com o interesse dos investidores de forma a financiar as pesquisas do novo método e realizar testes em larga escala nas águas salgadas e quentes do Golfo do México. Se der tudo certo, a humanidade pode estar bastante próxima de um dos maiores objetivos da alquimia antiga: encontrar uma fonte infindável de energia acessível e segura. Veja, abaixo, um vídeo de 20 segundos que mostra o método de captação desenvolvido pelos pesquisadores do PNNL.
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