Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue. Foto: James Gathany / Wikimedia Commons.
Por outro lado, se limitarmos o aquecimento a 1,5°C, Brasil seria o maior beneficiado com até meio milhão de casos evitados por ano até 2050.
Limitar o aquecimento global a 1,5º Celsius até o final deste século, acima dos níveis pré-industriais, pode evitar cerca de 3,3 milhões de casos de dengue por ano apenas na América Latina e no Caribe.
É o que aponta uma nova pesquisa da Universidade de East Anglia (UEA), no Reino Unido, em colaboração com a Universidade do Estado de Mato Grosso [Limiting Global-Mean Temperature Increase to 1.5–2 °C Could Reduce the Incidence and Spatial Spread of Dengue Fever in Latin America], publicada em 29/05/2018 na revista Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS).
O Brasil seria o mais beneficiado de limitar o aquecimento a 1,5°C, com até meio milhão de casos evitados por ano até 2050 e 1,4 milhão de casos evitados por ano até 2100.
Segundo o artigo, limitar o aquecimento à meta do acordo climático da ONU também impediria a disseminação da dengue para áreas onde a incidência atualmente é baixa, como Paraguai e norte da Argentina.
No cenário oposto, ou seja, mantido o ritmo atual de emissões de gases do efeito estufa, associado a uma trajetória de aquecimento global de 3,7°C até 2050, o estudo prevê um aumento de até 7,5 milhões de casos adicionais.
O sul do México, o Caribe, o norte do Equador, a Colômbia, a Venezuela e o litoral brasileiro serão os mais afetados pelo aumento dos casos.
A dengue é endêmica em mais de 100 países e infecta cerca de 390 milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano, com uma estimativa de 54 milhões de casos na América Latina e no Caribe.
Como os mosquitos que transportam e transmitem o vírus prosperam em condições quentes e úmidas, é mais comum em áreas com essas condições climáticas.
Para prever os impactos do aquecimento sob diferentes cenários climáticos, a equipe analisou relatórios clínicos e laboratoriais confirmados de dengue na América Latina e usou modelos de computador.
Eles descobriram que limitar o aquecimento global a 2°C, objetivo básico do Acordo de Paris, poderia reduzir incidência de dengue em até 2,8 milhões de casos por ano até o final do século, em comparação com um cenário em que a temperatura global aumenta em 3,7°C.
Porém, limitar o aquecimento até 1,5°C, que representa a meta mais ambiciosa do acordo climático, produz uma queda adicional em casos de até meio milhão por ano, como mostram os resultados.
"Há uma preocupação crescente sobre os possíveis impactos da mudança climática na saúde humana. Embora se reconheça que 1,5°C teria benefícios para a saúde humana, a magnitude desses benefícios permanecia em grande parte não quantificada", diz em comunicado da instituição o principal pesquisador, Felipe Colón-González, da Escola de Ciências Ambientais da UEA e do Tyndall Center for Climate Change Research.
Por: Vanessa Barbosa (Exame).
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