Um navio de grande porte pode produzir poluição atmosférica equivalente à de milhões de automóveis. A Maersk Tankers está testando velas gigantes de rotor em uma tentativa de reduzir as emissões.
Içar a vela principal - que parece um tubo vertical gigante - e ligar uma bateria do tamanho de um ônibus pequeno: os armadores* estão tentando abordagens novas e audaciosas para melhorar o desempenho ambiental em um contexto de crescente pressão regulatória. A Maersk Tankers está testando duas velas mecânicas de quase 30 metros de altura em um de seus navios de transporte de combustível, enquanto a norueguesa Golden Energy Offshore Services anunciou que encomendou para seus navios dois sistemas de armazenamento de energia à bateria da Rolls-Royce Holdings.
*Existem três tipos de armadores: o proprietário, que é o dono e explora diretamente o navio; o gerente, que opera uma embarcação que pertence a vários proprietários; e o locatário, que recebe o poder de administrar um navio que não é de sua propriedade. Fonte: A Tribuna.
Os armadores, responsáveis por transportar cerca de 90% do comércio mundial, precisam reduzir pela metade as emissões de carbono até 2050. Esse objetivo coloca muita pressão para encontrar inovações bem-sucedidas porque há sinais de que a taxa de melhoria do desempenho ambiental do setor começa a desacelerar. Os testes de velas mecânicas, que usam o vento para substituir até 20% da potência de propulsão de navios, têm sido bem-sucedidos até agora, disse Tuomas Riski, CEO da Norsepower Oy Ltd., que fornece as velas do empreendimento com a Maersk.
Os outros parceiros do projeto são o Energy Technologies Institute e a Shell Shipping & Maritime. As velas reduzem comprovadamente 6,8% das emissões dos navios offshore e o objetivo é que as reduções cheguem a 10%. O sistema Rolls-Royce adiciona um gerador à bateria, que pode operar sozinho por horas a fio, se navegando à baixa velocidade, a um motor principal a diesel. A bateria também pode ser usada como motor de reserva durante um período mais curto em caso de emergência.
Inovação
Depois que uma disparada dos preços do petróleo em meados da década passada estimulou inovações para otimizar o desempenho de navios e motores, há sinais de que esses avanços estão começando a atingir o auge.
A média de emissões de dióxido de carbono por contêiner por quilômetro para as rotas globais de transporte oceânico foram reduzidas em apenas 1% entre 2016 e 2017, segundo um estudo publicado pelo Clean Cargo Working Group [2017 Global Maritime Trade Lane Emissions Factors]. Desde que o grupo começou a divulgar dados do setor em 2009, as emissões por contêiner por quilômetro caíram 37% em média.
O comércio marítimo vem se expandindo constantemente há décadas, assim como as distâncias que os navios devem percorrer para fazer as entregas. Os envios chegarão a 11,95 bilhões de toneladas de carga neste ano, 38% a mais do que em 2008, segundo dados da Clarkson Research Services, parte da maior corretora de navios do mundo. As milhas por tonelada, ou seja, o volume de carga multiplicado pela distância percorrida, aumentaram 43%, para 59,28 trilhões no mesmo período. "Para o setor, este é um passo significativo na direção certa", disse o CEO da Golden Energy, Per Ivar Fagervoll, sobre os sistemas à bateria. Sua empresa estuda a possibilidade de que mais de seus navios usem os sistemas.
Por: Ellen Milligan (Bloomberg); com a colaboração de Alaric Nightingale, Steve Voss, Tom Hall e Christian Wienberg.
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