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Poucos Países Controlam Maiores Espaços Selvagens do Planeta

Os verdadeiros espaços selvagens - áreas terrestres e marítimas praticamente não afetadas pela expansão explosiva da humanidade e apetite insaciável por comida e recursos naturais - agora cobrem pouco mais de um quarto do planeta. 

Mais de 70% dos últimos espaços livres da atividade humana do planeta se encontram em cinco países, entre eles Brasil, Estados Unidos e Rússia, cujas políticas preocupam os defensores do meio ambiente. 

Os espaços selvagens, terras e mares não afetados pela atividade humana e a exploração em escala industrial dos recursos naturais (matas, energias fósseis, terras cultiváveis e etc.) representam na atualidade 23% da superfície da Terra, segundo artigo publicado em 31/10/2018 pela revista Nature

Estes espaços representam um refúgio vital para milhares de espécies ameaçadas pelo desmatamento e o excesso de pesca, e são algumas das melhores defesas da humanidade contra os devastadores fenômenos meteorológicos provocados pela mudança climática. 

Há apenas um século, estes espaços representavam 85%. Apenas entre 1993 e 2009 se perdeu uma superfície equivalente a da Índia

O estudo publicado Nature [Protect the last of the wild - Global conservation policy must stop the disappearance of Earth’s few intact ecosystems] revela que mais de 70% destes territórios preservados (exceto pela Antártica) estão no Brasil, Rússia, Canadá, Austrália e Estados Unidos

Mulher caminha de volta para sua aldeia na Terra Indígena Xikrin do Cateté (Pará). Foto: Taylor Weidman.

"Pela primeira vez cartografamos as zonas de natureza virgem, tanto terrestres como marítimas, e mostramos que não restam muitas", explicou à AFP, James Watson, professor da Universidade de Queensland e principal autor do estudo. 

"Poucos países possuem muitos destes territórios virgens e têm uma responsabilidade enorme para preservar as últimas regiões selvagens". 

Os pesquisadores se apoiaram em dados compartilhados para medir o impacto humano na vida selvagem através de oito indicadores, como espaços cultivados, infraestruturas e urbanismo. 

Para os oceanos usaram dados sobre pesca, transporte marítimo e contaminação. O resultado foi que apenas 13% dos mares estão pouco ou nada afetados pelas atividades humanas, principalmente nos polos. 

"Da mesma forma que a extinção das espécies, a erosão dos espaços selvagens é globalmente irreversível", destacam os pesquisadores. 

Rússia, Estados Unidos e Brasil não consideram uma prioridade a proteção do meio ambiente. 

A taiga russa e o permafrost - solo congelado durante dois anos seguidos - têm milhões de árvores que absorvem o carbono da atmosfera, moderando o impacto das emissões de gases do efeito estufa, mas a Rússia aposta forte no desenvolvimento da rota marítima do norte do Ártico, que se faz mais viável com o degelo provocado pelo aquecimento global.

Além de ser refúgio para a biodiversidade, regiões selvagens como a floresta boreal no norte do Canadá - que funciona como um sumidouro de carbono e que é protegida por lei federal - formam a linha de frente da humanidade contra a mudança climática descontrolada.

"Essas áreas são os lugares para onde muitas, muitas espécies se refugiam", disse Watson. "Ao mesmo tempo, elas têm enormes quantidades de reservas de carbono". 

"Para preservar as terras selvagens é preciso deter a indústria e proibir o acesso a elas", afirma James Watson. "Os países devem legislar e impedir que a indústria entre. A natureza precisa de uma pausa".

"Não podemos simplesmente explorar em todos os lugares e essas nações ainda têm essas fortalezas do deserto. Eu acho que o mundo apreciaria essas nações se levantando e dizendo que nós vamos cuidar desses lugares".

Pesquisadores pedem uma legislação mais severa para proteger estas terras dos objetivos industriais e uma reforma do financiamento para a proteção das matas.


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