Com o objetivo de conhecer a eficiência econômica da produção conservacionista na região do Juruá, interior do Acre, a Embrapa estuda diferentes modalidades destes sistemas, considerando distintas variáveis de impacto financeiro, através da pesquisa realizada no âmbito do projeto Manejo conservacionista do solo na produção familiar para a agricultura de baixa emissão de carbono no oeste do Estado do Acre - Juruaproduz. A coleta de informações é realizada por meio de entrevistas com diferentes atores dos municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves.
As pesquisas com sistemas conservacionistas no Juruá acontecem desde 2006, por meio de diferentes projetos executados pela Embrapa, em parceria com agricultores familiares e com apoio de outras instituições, com o objetivo de disseminar o uso dessas tecnologias entre agricultores familiares. Atualmente, os estudos buscam medir a eficiência do uso de práticas conservacionistas no aumento da produção em culturas de importância econômica para a região, como mandioca e milho. A etapa final envolve a validação também da viabilidade econômica dos sistemas pesquisados.
De acordo com o pesquisador Claudenor Pinho, responsável pelos estudos econômicos, a avaliação da viabilidade dos sistemas conservacionistas envolve modelos produtivos com níveis tecnológicos distintos, comparando com o sistema de cultivo tradicional. Esta fase do estudo busca atualizar informações relacionadas a diferentes aspectos da produção agrícola.
Além de dados da produtividade dos cultivos de milho e mandioca, obtidos em mais de uma década de pesquisa, as análises envolvem indicadores econômicos relacionados ao custo da produção, como gastos com insumos na atividade produtiva, receita líquida obtida pelo produtor, renda familiar e retorno financeiro da atividade agrícola, assim como informações de mercado como os preços dos produtos praticados no atacado e varejo.
"Buscamos ouvir agricultores, gestores de cooperativas e comerciantes, entre outros atores envolvidos com o setor produtivo do Juruá. A previsão é que os resultados finais do estudo sejam validados até março de 2019 e o intuito é recomendar alternativas de sistemas de produção conservacionista economicamente viáveis para propriedades rurais com diferentes perfis. O produtor rural poderá escolher o modelo mais adequado à sua realidade socioeconômica", afirma.
Primeiros resultados
Os sistemas de produção conservacionista são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como alternativa para uma agricultura sustentável, por proporcionar cuidados essenciais para a manutenção da qualidade do solo e, ao mesmo tempo, intensificar as atividades produtivas e gerar renda e alimento. Essa modalidade produtiva preconiza o uso de técnicas agrícolas de baixo impacto como o plantio direto, que evita revolver a terra e auxilia no controle da erosão, o cultivo de gramíneas e leguminosas associado a plantios agrícolas, para proteger o solo, e a rotação e consórcio de culturas, que possibilita produzir durante todo o ano.
De acordo com Claudenor Pinho, resultados preliminares da avaliação econômica indicam que os sistemas de produção conservacionista apresentam maior retorno financeiro, em relação a sistemas agrícolas convencionais. Além de melhorar o desempenho produtivo das culturas, dispensam o uso de maquinários e reduzem a demanda por insumos agrícolas.
"Estes aspectos evitam gastos com combustíveis e mão de obra e reduzem despesas com fertilizantes, contribuindo para baratear os custos da produção e para aumentar os índices de retorno financeiro na atividade agrícola, confirmando a viabilidade econômica do sistema. Há uma tendência de crescimento da rentabilidade destes sistemas, relacionada ao uso de tecnologias. Quanto mais elevado o nível tecnológico da propriedade, mais positivo será o retorno econômico", diz o pesquisador.
Os primeiros resultados do estudo econômico revelaram ainda que, quando bem adotadas, as tecnologias conservacionistas ajudam a manter a fertilidade do solo, o que possibilita ao produtor diversificar os cultivos e gerar mais renda na propriedade, sem a necessidade de abrir novas áreas, com benefícios também para o meio ambiente.
Por: Diva Gonçalves (Embrapa).
0 comentários:
Postar um comentário