As altas temperaturas estão matando os ecossistemas marinhos, elevando o nível do mar e tornando os furacões mais destrutivos.
Pesquisadores descobriram que os oceanos estão ficando mais quentes, em média, 40% mais rápido do que o estimado em 2014, durante um painel das Nações Unidas. No artigo, publicado na revista Science [How fast are the oceans warming?], eles também apontam que as temperaturas das águas quebraram recordes por anos consecutivos.
À medida que o planeta aquece, os oceanos amortecem o problema: eles diminuem os efeitos das mudanças climáticas, absorvendo 93% do calor aprisionado pelos gases do efeito estufa. "Se o oceano não estivesse absorvendo tanto calor, a superfície da Terra esquentaria mais rapidamente", explicou Malin L. Pinsky, professor da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos. "Na verdade, o oceano está nos salvando do enorme aquecimento."
As altas temperaturas já estão matando os ecossistemas marinhos, elevando o nível do mar e tornando os furacões mais destrutivos. Além disso, as populações que dependem da pesca podem ser prejudicadas. "A capacidade dos oceanos quentes de produzir alimentos é menor, o que significa que essas pessoas estarão se aproximando da insegurança alimentar", comentou Kathryn Matthews, cientista do grupo de conservação Oceana.
Importância científica
A temperatura média das águas é uma maneira de rastrear os efeitos das emissões de gases do efeito estufa. "Os oceanos são o melhor termômetro para mudanças na Terra", falou Zeke Hausfather, do grupo de pesquisa climática Berkeley Earth.
Historicamente, entender as temperaturas oceânicas tem sido difícil. Um relatório oficial das Nações Unidas, emitido em 2014 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, apresentou cinco estimativas diferentes do calor marítimo. Todas mostraram menos aquecimento que os níveis projetados por modelos climáticos computacionais – sugerindo que ambos métodos eram imprecisos.
Desde o começo dos anos 2000, os pesquisadores medem o calor do oceano com uma rede chamada Argo. Nela, flutuadores medem a temperatura e a salinidade a 6,5 mil pés superiores do mar e enviam os dados via satélites.
Antes de Argo, eram utilizados sensores de temperatura que os navios mergulhavam com um fio de cobre. As informações eram transferidas para gravação até que o fio se quebrasse. Esta técnica estava sujeita a incertezas por causa da profundidade em que a medição era feita – e isso atrapalha os cientistas atualmente.
Na nova pesquisa, Hausfather e colegas avaliaram três estudos recentes que explicam os instrumentos antigos. Os resultados convergiram em uma estimativa de aquecimento dos oceanos maior do que a do relatório de 2014 das Nações Unidas, além de ser mais parecida com os modelos climáticos computacionais.
De acordo com a análise, as águas mais próximas da superfície ficaram mais quentes, e o aquecimento acelerou nas duas últimas décadas. Com o aquecimento, o nível do mar sobe porque a água quente ocupa mais espaço do que a água fria. "À medida que o oceano esquenta, está levando os peixes a novos lugares, e já vimos que isso está gerando conflitos entre países", disse Malin L. Pinsky. "Isso levou ao colapso nas relações internacionais em alguns casos."
Avaliação quente
Um quarto estudo usou um método para estimar a temperatura dos oceanos indiretamente, também descobrindo que eles estavam aquecendo mais rápido. Esta análise inicialmente continha um erro que levou os autores a revisar as estimativas para baixo, a aproximou das estimativas do novo consenso.
"A correção fez com que eu concordasse melhor com outros registros. Anteriormente, este estudo mostrava aquecimento maior do que qualquer outro, e isso era preocupante porque significava que nossas estimativas observacionais poderiam ser problemáticas", declarou Hausfather.
Para ele, os esforços para mitigar o aquecimento global, como o Acordo de Paris, ajudariam a reduzir o calor oceânico. "Há algum motivo para confiar que vamos evitar os resultados do pior caso."
Fonte(s): The New York Times / Revista Galileu.
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