Criança lava o rosto no Sudão do Sul em 2018. Foto: UNICEF/Meyer.
Mais de 2 bilhões de pessoas enfrentam riscos graves à saúde porque serviços básicos de água não estão disponíveis em um a cada quatro hospitais no mundo, afirmaram as Nações Unidas no dia 03/04/2019 em apelo para países fazerem mais para prevenir a transmissão de doenças infecciosas evitáveis.
Em primeira avaliação sobre o assunto, o relatório Higiene, Saneamento e Água em Instalações de Assistência de Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), também mostra que um em cada cinco centros de assistência de saúde não possui banheiro ou latrina. O problema afeta ao menos 1,5 bilhão de pessoas, o que provavelmente reflete uma falta de instalações em comunidades como um todo.
"A principal coisa que é preciso fazer é lavar as mãos, independentemente do que for", disse Bruce Gordon, coordenador do trabalho da OMS sobre água e saneamento. "Não é uma questão de doença diarreica, é uma questão de qualquer infecção oportunista que pode viver na pele ou entrar em machucados ou no corpo e provocar sepse. Precisamos quebrar a transmissão com a lavagem das mãos".
Populações dos países pobres são mais vulneráveis, à medida que os serviços básicos de água estão disponíveis apenas em pouco mais da metade de todas as instalações de saúde nos Países Menos Desenvolvidos (LDCs, na sigla em inglês), de acordo com o estudo da OMS e do UNICEF.
O déficit de serviços de água nesses países é significativo especialmente para mães e recém-nascidos. Estima-se que um em cada cinco nascimentos aconteça nos 47 países mais pobres do mundo. Isso significa que, a cada ano, 17 milhões de mulheres nestes países dão à luz em centros de saúde com suprimentos inadequados de água, saneamento e higiene.
Desigualdades perigosas dentro de países
O relatório também revela desigualdades dentro de países. Comunidades em áreas rurais têm menos chances de ter instalações decentes de assistência de saúde, em comparação com pessoas que vivem em cidades, disse Tom Slaymaker, especialista sênior do UNICEF para estatísticas e monitoramento de Água, Saneamento e Higiene.
"Pessoas estão dependendo de centros de saúde sem qualquer tipo de banheiro", disse. "Pessoas doentes deixam muitos patógenos em suas fezes e, sem banheiros, funcionários e pacientes – incluindo mães e bebês – estão em maior risco de doenças causadas e propagadas por dejetos humanos".
Enquanto um a cada dez hospitais no mundo não tem banheiro, o número cresce para um a cada cinco para centros de saúde menores, disse Slaymaker.
Instalações do governo também fornecem um nível menor de assistência do que clínicas e hospitais particulares. O relatório mostra que há um grande fracasso em alcançar as diferentes necessidades sanitárias para homens e mulheres – sejam eles pacientes ou profissionais médicos.
Em apelo para que mais países invistam em serviços de água e saneamento, Gordon, coordenador da OMS, disse que compromisso político é essencial.
"Sabemos que água, saneamento e higiene geralmente precisam de fortes financiamentos públicos através de impostos, sim, há um grande movimento para conseguir fundos privados… mas se quisermos realmente alcançar os mais vulneráveis, aqueles que têm poucos recursos, gastos públicos e impostos precisam ser uma grande parte da equação".
O impacto destrutivo do ciclone tropical Idai no sul da África, em março de 2019, exacerbou a falta de infraestruturas básicas em muitos países da região, explicou Slaymaker, acrescentando que o UNICEF está "fortemente envolvido" na resposta em Moçambique.
"Obviamente neste tipo de situação e demanda por serviços de assistência de saúde é ainda maior, mas a capacidade de fornecê-los é intensamente comprometida", explicou Slaymaker. Um dos objetivos do relatório, segundo ele, é recomendar como construir estas instalações, "para que sejam capazes de manter serviços de saúde funcionando no futuro, no contexto de desastres como os que vimos".
Além de dar um panorama geral da situação de água e saneamento na assistência à saúde, relatórios futuros irão monitorar progresso, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Fonte: ONU.
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