Brasil não tem estrutura para reciclar lixo eletrônico, afirmam especialistas.
Logística reversa pobre e consumidor indiferente são os maiores entraves no País.
Quando Tim Cook subiu ao palco do Yerba Buena Center, em São Francisco, para apresentar o novo smartphone da Apple, ele usou uma frase digna de Steve Jobs: “o iPhone 5 é o maior lançamento desde o iPhone”. Os constantes lançamentos (um por ano, no mínimo) incitam uma série de dúvidas nos consumidores — se vale a pena comprar, qual a diferença para o modelo anterior ou se é mesmo melhor que o concorrente. Todas são válidas, mas a única pergunta que as pessoas e, de maneira geral, a indústria não estão prontas para responder é outra: O que faremos com os modelos anteriores? Como descartar o nosso e-lixo?
Os celulares são uma parte importante do lixo tecnológico que descartamos, mas estão distantes de serem os únicos representantes da categoria. É considerado lixo eletrônico todo o equipamento que funcione por eletricidade e, por algum motivo, não esteja mais sendo usado — em razão de um defeito ou por obsolescência. A estimativa é de que, no mundo, 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico são produzidas por ano.
Apesar de a definição englobar uma variedade extensa de itens (de uma única pilha até uma turbina de avião ou um satélite), o material proveniente da indústria de TI se destaca.
O mercado do e-lixo
Segundo pesquisa da agência da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgada em 2010, o Brasil é o país emergente que tem a maior produção per capita de lixo eletrônico por ano — 0,5 kg de e-lixo por pessoa, mais do que China (0,23 kg por pessoa) e Índia (0,1 kg por pessoa).
Todo ano, os brasileiros abandonam 96,8 mil toneladas de computadores. O País é também o emergente que mais toneladas de geladeiras abandona a cada ano por pessoa e um dos líderes em descarte de celulares, TVs e impressoras. O estudo da ONU alerta ainda que o Brasil não tem estratégia para lidar com o fenômeno, que nem é tratado como prioridade pela indústria.
Diferente das latinhas de refrigerante e o papelão dos conhecidos catadores que povoam o cenário das grandes cidades, o lixo eletrônico é um mercado que ainda não tem volume suficiente de material para tornar o negócio algo rentável no Brasil.
André Vilhena, diretor-executivo do Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), explica que o alto custo pago nos aparelhos dá a eles uma sobrevida.
"No Brasil, os aparelhos têm uma vida útil maior, já que eles são por vezes doados para parentes, amigos, revendidos. Muitas pessoas preferem doar os equipamentos para pessoas que não têm condições de comprá-los, o que prolonga a vida útil dos aparelhos. Hoje, você vê geladeiras com mais de 20 anos de uso. Isso atrasa o ciclo [de reciclagem]."
Fonte: R7. Por: Tiago Alcantara.
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