Por que a despoluição não dá certo no Brasil? São Paulo despejou R$ 1,6 bilhão para limpar o rio Tietê, que continua poluído. Agora, o Rio de Janeiro vai gastar R$ 2 bilhões para fazer com que seus lagos e a Baía de Guanabara cheguem cristalinos à Olimpíada de 2016. Como evitar os erros do passado?
Não é por falta de dinheiro que a Baía de Guanabara está suja e malcheirosa. Além de esgoto e lixo, R$ 1,6 bilhão já foi despejado ali. Esse foi o valor investido desde 1994 no Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG). Quase duas décadas depois, uma nova chance para a limpeza. Até a Olimpíada de 2016, a Baía de Guanabara, a Lagoa Rodrigo de Freitas e as lagoas da Barra da Tijuca devem estar despoluídas e balneáveis. É o que promete o novo projeto de R$ 2 bilhões anunciado pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) do Rio de Janeiro. Agora vai?
O presidente do CEDAE, Wagner Victer, avalia que o projeto anterior foi conduzido de forma errada. Foram construídas estações de tratamento de esgoto sem um sistema que conduzisse esse esgoto até elas. Corrigir esse ponto está longe de ser suficiente. Como a Baía de Guanabara é ponto final de pequenos rios que recebem dejetos e lixo das cidades da Baixada Fluminense, os projetos para despoluir as águas devem unir esforços de Estado e municípios da região, que abriga 12 milhões de pessoas. “Só teremos resultados com um grande pacto que integre todas as redes”, avalia o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Edison Carlos. A deputada estadual Aspásia Camargo (PV-RJ) faz a mesma avaliação. Segundo ela, os prefeitos dos 15 municípios que poluem a Baía de Guanabara precisam priorizar o saneamento, a coleta e o tratamento adequado do lixo.
Cariocas e paulistas estão unidos pelo mesmo problema e pela mesma falta de êxito nos projetos. São Paulo luta há mais de 20 anos para ressuscitar o rio Tietê, que recebe água suja vinda de 62 municípios. Em março deste ano foi anunciado o investimento de mais R$ 2,9 bilhões para a terceira etapa do Programa de Despoluição do Rio Tietê. O projeto, lançado em 1992 e que já consumiu mais de R$ 1,6 bilhão nas etapas anteriores, previa que o rio estaria limpo e navegável até 2010. Não deu, e o prazo já foi prorrogado para 2018. O fracasso, tanto em São Paulo como no Rio, tem a mesma causa: a incompetência de planejamento e de gerenciamento, reforçada por questões políticas.
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Para que todos esses novos esforços – e dinheiro – não acabem indo por água abaixo mais uma vez, os brasileiros devem aprender com as ações que deram certo. Ingleses, franceses e coreanos montaram e executaram planos que trataram das causas e despoluíram seus principais rios. A primeira lição desses projetos é: sem uma ação coordenada, não há limpeza possível. O que dá para fazer, no máximo, é uma perfumaria de emergência. E essa estratégia pode durar o tempo necessário para que se realize uma Olimpíada.
Fonte: Revista ISTO É. Por: Ana Carolina Nunes.
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