Nova Deli, Índia. |
Avaliação da Organização Mundial da Saúde em 1.600 centros urbanos alerta que a poluição do ar está piorando em todo o planeta; a cidade brasileira mais poluída seria Santa Gertrudes, no interior de São Paulo.
Mais da metade da população mundial está exposta diariamente a uma poluição do ar pelo menos 2,5 vezes acima do nível máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O que explicaria o número absurdo de sete milhões de mortes todos os anos em decorrência de doenças provocadas pela má qualidade do ar, dado divulgado em março de 2014 pela entidade.
A OMS apresentou no dia 07/05/2014 um novo relatório sobre a qualidade do ar em 1.600 cidades de 91 países, e destacou que apenas 12% das pessoas que vivem em centros urbanos respiram um ar considerado bom pelos critérios da entidade.
O documento compara ainda os dados atuais com os de 2011, e salienta que a qualidade do ar está caindo em todo o planeta.
“Muitos centros urbanos estão tão envoltos em poluição que os seus edifícios são invisíveis. Assim, não é surpresa que o ar seja perigoso de se respirar”, afirmou Flavia Bustreo, diretora-assistente da OMS para Família, Crianças e Mulheres.
A Índia concentra a maior quantidade de cidades poluídas, sendo que a capital Nova Deli apresenta uma média de 153 microgramas de partículas com um diâmetro menor do que 2,5 micrometros no ar por metro cúbico (PM 2,5), ficando com o título de local com a pior qualidade do ar do mundo.
Estranhamente, a China, notória por suas cidades poluídas, não aparece tão mal no relatório. Pequim, que com frequência aparece nos noticiários internacionais por seus dias de recorde de poluição, quando de acordo com medições independentes chega a ultrapassar os 400 PM 2,5, está em apenas 77º na lista das mais poluídas da OMS, com 56 PM 2,5.
A OMS esclareceu que compila dados oficiais fornecidos pelos governos nacionais e locais, então existe a possibilidade de que essas informações não sejam inteiramente confiáveis.
Brasil
Quem imaginou que São Paulo seria a cidade brasileira com a maior poluição do ar se enganou, a metrópole aparece com apenas 19 PM 2,5, bem abaixo da “campeã” Santa Gertrudes, no interior paulista, com 44 PM 2,5.
O que explicaria a péssima qualidade do ar em Santa Gertrudes seria a concentração de fábricas de cerâmica e a poeira das estradas levantada pela passagem constante de caminhões.
Outros destaques negativos do Brasil na lista da OMS, que traz 40 municípios, são o Rio de Janeiro, 36 PM 2,5; Belo Horizonte, 28 PM 2,5; e Rio Claro, 27 PM 2,5.
Os positivos ficam para Salvador, 9 PM 2,5; Marília, 11 PM 2,5; e Presidente Prudente, 12 PM 2,5.
Na média, o Brasil aparece com 22 PM 2,5.
Desafio
A OMS indica que muitos fatores contribuíram para a queda na qualidade do ar, como o aumento da dependência dos países em desenvolvimento dos combustíveis fósseis, a participação excessiva de automóveis particulares na mobilidade urbana e a falta de preocupação com o uso racional da energia.
No entanto, a entidade destaca que muitas cidades estão fazendo melhorias, mas que mais países deveriam encarar o desafio de lidar com esse sério problema.
“As políticas que precisam ser colocadas em prática já são bem conhecidas, mas ainda não são aplicadas na escala necessária”, afirmou Maria Neira, diretora da OMS para Saúde Pública e Meio Ambiente.
Entre essas políticas, a diretora cita o estimulo ao transporte coletivo, o incentivo à redução de consumo de eletricidade, o investimento em fontes limpas de energia e leis de regulamentação de emissões de poluentes para setores industriais.
“Cidades como Copenhague e Bogotá, por exemplo, melhoraram a qualidade de seu ar promovendo o que chamaram de ‘transporte ativo’, priorizando a construção de redes de mobilidade que incentivam a bicicleta, a caminhada ou veículos coletivos”, disse Neira.
“Não podemos comprar um ar limpo em uma garrafa, mas cidades podem adotar medidas que limparão o ar e salvarão a vida das pessoas”, completou Carlos Dora, coordenador do Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS.
Os dados de cada cidade e país podem ser conferidos neste documento xls.
Fonte: Instituto Carbono Brasil. Por: Fabiano Ávila.
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