A Sustentabilidade está em pauta nas grandes empresas com os seus relatórios GRI (Global Reporting Initiative), departamentos responsáveis pelo relacionamento com cada stakeholder [parte interessada], investimento social privado, projetos de ecoeficiência, construções com certificação LEED e AQUA etc. Nas pequenas e médias empresas, o movimento vem começando, principalmente orientado e solicitado pelas grandes empresas que precisam ter a sua cadeia de fornecedores e distribuidores cada vez mais de acordo com o desenvolvimento sustentável.
Porém, para estas empresas pequenas e médias, que geralmente são geridas por empreendedores ávidos por novidades e desafios, acaba sendo mais uma tarefa dentre tantas a se fazer num dia de somente 24 horas.
Peter Drucker, um dos papas da gestão, coloca que qualquer indivíduo que tenha à frente uma decisão a tomar pode aprender a ser um empreendedor e se comportar como tal. Diz ainda que o empreendimento é um comportamento, e não um traço de personalidade. E suas bases são o conceito e a teoria, e não a intuição. O que mostra que em mais esta decisão o empreendedor terá que entender, estudar e ir atrás do verdadeiro sentido da Sustentabilidade.
Mas a ideia deste texto não é falar do conceito do tripé da Sustentabilidade baseado nos fatores econômicos, sociais e ambientais em uma empresa, seja ela grande ou pequena. Ou então, dizer do entendimento do assunto pelas PME´s que, segundo a pesquisa do SEBRAE de 2012, 65% destas empresas entendem medianamente sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade.
Na verdade, estou questionando a sustentabilidade do empreendedor que trabalha mais do que as 40 horas semanais oficiais da sua empresa em busca de cumprir suas entregas e alcançar o seu sonho de liberdade na gestão e do chefe; e de como é mais difícil falar em Sustentabilidade em uma pequena e média empresa se o próprio empreendedor não entende isso dentro da sua vida pessoal. Isso é vida real, não sonhos que são vendidos em jornais, revistas, vídeos e casos lindos de sucesso!
Acompanho diversos estilos de vida de empreendedores que misturam toda a sua vida pessoal com o seu negócio, inclusive, contas a pagar, sócios, empregados, família, conversas com amigos e assim por diante. A mistura é quase que insustentável financeiramente, imagina então ambiental e socialmente.
Para isso, primeiramente, se você é um empreendedor ou está pensando em ser, tem que entender o estilo de vida que você quer levar. Pensar no estilo de vida é fundamental, pois para termos muitas posses monetárias precisamos trabalhar muito e investir muitas horas trabalho. Se você quer uma vida mais simples, não estou dizendo simplória, a ideia é ter menos bens materiais e mais tempo para fazer o que você gosta. Pensar no financeiro e separar sempre a empresa do pessoal é fundamental. Ter clientes, vendas e entregas é a base de qualquer negócio lucrativo e para a sustentabilidade do empreendedor esta também é o básico.
Sei que já é difícil ter este básico, mas muitas vezes é porque não temos alinhados os outros fatores pessoais como saúde, família, gestão do conhecimento, espiritualidade, lazer, esporte etc. E isso faz com que atrase ou atrapalhe os negócios. Ficamos presos tentando fazer tudo mais ou menos. O ideal é ir acertando cada um, passo a passo, de uma forma planejada para que, de forma equilibrada todos sejam bem feitos.
Para ter a sustentabilidade na vida do empreendedor não há uma receita única, pois varia caso a caso, mas para sustentar um estilo de vida e um negócio (ou vários) precisamos ter equilíbrio em todos os principais pontos da nossa vida (saúde, lazer, amor, espiritualidade etc.) e fazer uma boa gestão de stakeholders (públicos de interesse) tais como os nossos filhos, amigos, esposas, maridos, parentes, sócios etc.
Não podemos perder o foco do sonho a perseguir, caso contrário será o fim do empreendedorismo.
Por: Marcus Nakagawa. Sócio-diretor da iSetor; professor da ESPM; idealizador e presidente do conselho deliberativo da ABRAPS; e palestrante sobre sustentabilidade e estilo de vida.
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