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Valoração Ambiental: Quanto Vale Aquilo Que Não Tem Valor?

A conservação e a preservação do meio ambiente são defendidas com base em argumentos diversos, muitos deles não-econômicos (Basili & Vercelli, 1998). Razões éticas, culturais, religiosas, estéticas e políticas, entre outras, estão presentes no debate ambiental contemporâneo. Apesar de serem razões não-econômicas, elas podem ter conseqüências economicamente significativas. Então, seguindo neste raciocínio, como computar os prejuízos provenientes das perdas de recursos naturais? Ou quanto vale a preservação de um remanescente florestal? 

No século XVII a ciência econômica já buscava formas de determinar o valor da terra. Com o processo de deterioração crescente da natureza e das condições naturais para a sobrevivência humana, o tema ambiental deixou de ser assunto somente da teoria econômica e entranhou-se também em outras áreas de pesquisa, bem como na sociedade atual. A Economia Ambiental surgiu em 1950 quando uma organização independente, a Resources For The Future, realizou diversas pesquisas econômicas focadas nos aspectos ambientais. (Gazoni, 2007). 

À medida que o interesse pelo meio ambiente aumentou, naturalmente uma das questões que surgiu foi a necessidade de quantificar as perdas associadas à sua utilização e à degradação. Deste interesse apareceram os vários métodos de valoração econômica do meio ambiente que tentam explicitar a multifuncionalidade, em bases monetárias, dos ativos naturais nas suas funções ecossistêmica, econômica e recreativa. 

A valoração de um ativo ambiental pode ser entendida como o ato de atribuir um valor monetário às variáveis do meio ambiente, embora não se pretenda com isso atribuir um preço para as mesmas, pois não se tratam de mercadorias (Benakouche & Cruz, 1994; Mota, 2006). Ressaltando que, valorar monetariamente os recursos ambientais não significa colocá-los à venda por um preço, mas sim estabelecer um valor que funcione como um indicador representativo de sua importância econômica e bem estar social. 

O conceito de Valor Econômico Total (VET), desenvolvido pela Economia Ambiental, é uma estrutura útil para identificar, em qualquer escala, os diversos valores associados aos recursos ambientais. De acordo com esse conceito, o valor econômico da biodiversidade consiste nos seus valores de uso e de não-uso. Os primeiros são compostos pelos valores de uso direto, de uso indireto e de opção; e os últimos, de não-uso, incluem os valores de herança e de existência. 

Desta forma, o conceito de VET mostra que a preservação, a conservação e o uso sustentável da biodiversidade abrangem uma ampla variedade de bens e serviços, começando pela proteção de bens básicos para a subsistência do homem, como alimentos e plantas medicinais, passando pelos serviços ecossistêmicos que apoiam todas as atividades humanas e terminando com valores de utilidade simbólica. Ou seja, o VET é igual à soma de todos estes distintos valores. 

Existem diversos métodos de valoração que objetivam captar distintas parcelas do valor econômico do recurso ambiental. Todavia, cada método apresenta limitações em suas estimativas. Compreender suas limitações e procurar avanços na compreensão dos fenômenos naturais e do entendimento econômico, orientados pelo desenvolvimento sustentável, é o desafio presente para todas as correntes de pensamento. 



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