Ao pensar nas riquezas naturais do Brasil tem-se a ideia imediata de um país tropical e bonito por natureza com o maior e mais variado bioma do planeta em fauna e flora situado na Floresta Amazônica – que possui diversos tipos de ecossistemas – e com a maior reserva de água doce do mundo – abundância esta que representa 12% das águas superficiais do globo terrestre. Noventa por cento do território brasileiro é coberto por grande quantidade de chuvas durante o ano, favorecendo a formação de uma longa rede de rios.
Viver em um lugar tão privilegiado e abundante passa a impressão de que temos poucos problemas na administração do potencial hídrico nacional e que tudo vai bem, obrigado. Além disso, é tão confortante saber que o Sistema Aquífero Grande Amazônia tem a capacidade de abastecer o planeta por 250 anos [se não fosse a inviabilidade de transporte das águas subterrâneas para regiões muito distantes]. É aí que reside o erro da acomodação: o mau planejamento, a gestão deficiente, o desperdício e as degradações do ambiente que afetam o clima e o abastecimento de água para milhões de lares brasileiros. Segundo o relatório Governança dos Recursos Hídricos no Brasil – feito pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA) – os planos para gerir bacias hidrográficas são "mal coordenados e não chegam a ser colocados em prática, por falta de dinheiro ou capacidade limitada de acompanhamento e execução".
Desde a década de 1960 cientistas alertam quanto ao desmatamento e os impactos e desequilíbrios sobre os corpos d'água e os rios voadores [cursos de água atmosféricos invisíveis que transportam umidade e vapor de água da bacia Amazônica para outras regiões do Brasil]. O fato é que hoje ações são tomadas apenas quando a crise hídrica é emergente ou quando já é aterradora, não se antecipa aos riscos e governantes rezam para chover – desprezando as mudanças climáticas e os prognósticos de crescimento econômico e demográfico.
De acordo com o autor Marcelo Pereira de Souza, em Instrumentos de Gestão Ambiental: Fundamentos e Prática (2000), a "conciliação entre desenvolvimento e gestão ambiental acontece a partir da observância da capacidade de suporte do meio ambiente e das necessidades identificadas pela sociedade civil ou pelo governo". O retrato atual mostra a geração de eletricidade dependente de um índice cada vez maior de pluviosidade [em tempos de racionamento] cedendo espaço para as termoelétricas [movidas por combustíveis fósseis] que por sua vez aumentam os níveis da emissão dos gases do efeito estufa a longo prazo. Sendo assim, polui-se mais, fontes energéticas renováveis são pouco exploradas e menos água nos reservatórios parece ser uma tendência à medida em que se desmata [empobrecendo o solo, dificultando a infiltração e a vazão dos rios].
No dia em que a torneira secar..., chorar não vai adiantar nem enche uma colher de chá.
Por: Gustavo Nobio. O autor é técnico em Meio Ambiente formado pela FUNCEFET (RJ) e voluntarioso promotor da Sustentabilidade; articulista, comunicador ambiental e fundador do site SenhorEco.org.
Viver em um lugar tão privilegiado e abundante passa a impressão de que temos poucos problemas na administração do potencial hídrico nacional e que tudo vai bem, obrigado. Além disso, é tão confortante saber que o Sistema Aquífero Grande Amazônia tem a capacidade de abastecer o planeta por 250 anos [se não fosse a inviabilidade de transporte das águas subterrâneas para regiões muito distantes]. É aí que reside o erro da acomodação: o mau planejamento, a gestão deficiente, o desperdício e as degradações do ambiente que afetam o clima e o abastecimento de água para milhões de lares brasileiros. Segundo o relatório Governança dos Recursos Hídricos no Brasil – feito pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA) – os planos para gerir bacias hidrográficas são "mal coordenados e não chegam a ser colocados em prática, por falta de dinheiro ou capacidade limitada de acompanhamento e execução".
Desde a década de 1960 cientistas alertam quanto ao desmatamento e os impactos e desequilíbrios sobre os corpos d'água e os rios voadores [cursos de água atmosféricos invisíveis que transportam umidade e vapor de água da bacia Amazônica para outras regiões do Brasil]. O fato é que hoje ações são tomadas apenas quando a crise hídrica é emergente ou quando já é aterradora, não se antecipa aos riscos e governantes rezam para chover – desprezando as mudanças climáticas e os prognósticos de crescimento econômico e demográfico.
De acordo com o autor Marcelo Pereira de Souza, em Instrumentos de Gestão Ambiental: Fundamentos e Prática (2000), a "conciliação entre desenvolvimento e gestão ambiental acontece a partir da observância da capacidade de suporte do meio ambiente e das necessidades identificadas pela sociedade civil ou pelo governo". O retrato atual mostra a geração de eletricidade dependente de um índice cada vez maior de pluviosidade [em tempos de racionamento] cedendo espaço para as termoelétricas [movidas por combustíveis fósseis] que por sua vez aumentam os níveis da emissão dos gases do efeito estufa a longo prazo. Sendo assim, polui-se mais, fontes energéticas renováveis são pouco exploradas e menos água nos reservatórios parece ser uma tendência à medida em que se desmata [empobrecendo o solo, dificultando a infiltração e a vazão dos rios].
No dia em que a torneira secar..., chorar não vai adiantar nem enche uma colher de chá.
Por: Gustavo Nobio. O autor é técnico em Meio Ambiente formado pela FUNCEFET (RJ) e voluntarioso promotor da Sustentabilidade; articulista, comunicador ambiental e fundador do site SenhorEco.org.
0 comentários:
Postar um comentário