Mais do que oferecer coberturas abrangentes, que garantem o ressarcimento dos danos que os segurados possam sofrer por conta de chuva, enchente, incêndio, poluição, crimes e desastres ambientais, as seguradoras precisam trabalhar fortemente para evitar que esses danos aconteçam.
Com um crescimento exponencial nos últimos anos, os riscos ambientais respondem por três dos cinco principais riscos por probabilidade, e quatro por impacto, de acordo com a edição mais recente do Global Risks Report, publicação do World Economic Forum (WEF). Este amplo levantamento leva em consideração riscos como eventos climáticos extremos (inundações, tempestades), grandes desastres naturais (terremoto, tsunami, erupção vulcânica) e crise hídrica.
As temperaturas globais se encaminham para um aumento de 3 a 5 graus Celsius até o fim deste século, o que supera muito a meta global para limitar essa elevação a 2 graus ou menos, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM). O ritmo acelerado da perda de biodiversidade também é uma preocupação especial. A abundância de espécies diminuiu em 60% desde 1970. Na cadeia alimentar humana, a perda de biodiversidade está afetando a saúde e o desenvolvimento socioeconômico, com implicações para o bem-estar, a produtividade e até mesmo a segurança regional.
De acordo com o Global Risks Report, as consequências da inércia na mitigação de risco está se tornando cada vez mais clara, principalmente por conta das políticas que alguns países estão adotando e outros que estão fracassando em seus planos de mitigação.
Diante deste cenário, é fundamental reconhecer que a mudança climática está ocorrendo e entender suas consequências. Como exemplo, temos os alagamentos nos grandes centros urbanos, onde existem ainda fatores agravantes como a obsolescência da infraestrutura de drenagem e a falta de cooperação da população no descarte adequado do lixo.
Além dos governos, é necessário que todas as instâncias – empresas, comunidades, pessoas – entendam essas mudanças para posteriormente trabalhar na mitigação. É melhor todos trabalhando juntos, com foco, resiliência e visão de futuro.
E onde exatamente o mercado segurador entra quando falamos em riscos ambientais? Pois bem, as seguradoras têm a missão de ajudar aos seus segurados a entender melhor o tema e se proteger dos riscos. Mais do que oferecer coberturas abrangentes, que garantem o ressarcimento dos danos que os segurados possam sofrer por conta de chuva, enchente, incêndio, poluição, crimes e desastres ambientais, é preciso trabalhar fortemente para evitar que esses danos aconteçam.
Nota-se também uma preocupação cada vez maior do mercado segurador para oferecer produtos mais assertivos e complementares para abranger as questões ambientais. A tendência é que as seguradoras evoluam ainda mais nesse sentido e, assim, façam sua parte em prol de dias melhores.
Seguros para riscos ambientais tendem a ser cada vez mais procurados, diante do aumento do nível de percepção dos riscos. E estamos falando desde os grandes impactos, que afetam a vida de milhares de pessoas em um determinado país ou cidade, e até mesmo aqueles considerados “individuais”, como um recente caso de um segurado, que foi impactado por uma enxurrada devido à queda de uma árvore que represou a água na rua onde mora.
Mas a proteção realmente compensa? Sem dúvidas. É mais barato prevenir do que pagar perdas. Um estudo do National Institute of Building Sciences calculou que investir em resiliência a inundações, por exemplo, retorna entre US$ 5 e US$ 8 para cada US$ 1 gasto. É fato: não investir em proteção carrega custo de perdas futuras e oportunidades perdidas.
Por: Carlos Cortés; head de Engenharia de Riscos na Zurich Seguros. Fonte: Página 22.
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