Segundo cientistas, mudança climática faz com que a primavera seja mais longa, aumentando a quantidade de pólen no ar. Alterações na temperatura: fator é responsável pela maior duração da primavera e a piora de doenças respiratórias.
Além do prejuízo para o meio ambiente, a mudança climática também pode afetar o bem-estar e a saúde individual dos seres humanos. Segundo uma pesquisa realizada por profissionais de diversos países, as mudanças na temperatura mundial podem ter relação com o agravamento de doenças como asma e rinite alérgica – reação que afeta pessoas do mundo inteiro e pode ser causada pelos grãos de pólen, produzidos pelas flores das angiospermas – como trigo, milho e centeio.
Por enquanto, a pesquisa está se concentrando na Austrália – onde a produção de pólen está em alta, já que o país entrou há pouco tempo na primavera, estação responsável pela suspensão dos grãos no ar. Segundo os pesquisadores, o aumento das temperaturas faz com que a duração do pólen no ar se prolongue, agravando assim doenças respiratórias e alérgicas como a asma ou a rinite, também conhecida em alguns locais por febre do feno.
Além disso, os autores do estudo também apontaram que houve um aumento de gás carbônico no ar, o que prejudica ainda mais a situação das pessoas que têm as doenças citadas ou outras similares. Paul Beggs, um dos participantes da pesquisa e cientista da Universidade Macquarie, na Austrália, apontou que o país apresenta tipos de pólen mais complexos do que os conhecidos por outros países. "Se você teve uma seca severa em um local específico, esperaria menos pólen e menos crescimento da vegetação. Mas na Austrália vamos de um extremo ao outro, portanto, mesmo que nos mudemos para um clima mais seco em geral, ainda haverá anos particularmente úmidos que precisamos observar", disse Beggs em comentário no estudo.
De acordo com dados coletados pelos cientistas, a preocupação de que a "estação do pólen" venha a durar cada vez mais do que o esperado está aumentando. Simon Haberle, professor de história natural da Universidade Nacional da Austrália, acrescentou que a maior necessidade agora é descobrir se este evento é algo passageiro ou algo que irá afetar, gradativamente, o ecossistema do país. O professor complementou dizendo que uma opção a curto prazo é o plantio de plantas novas, que não representam ameaça de alergia. "Algumas novas plantas sendo plantadas por pessoas ou migrando no ambiente podem mudar o risco de uma cidade ou área em relação à febre do feno e à asma", disse Haberle.
O estudo ainda prevê que o número de pessoas sensíveis ao pólen se duplique nas próximas décadas, caso nenhuma mudança seja feita. O problema de saúde pública, que pode se tornar um problema a nível nacional, já está sendo monitorado em cidades como Sydney, Canberra, Brisbane e no estado da Tasmânia.
Por: Maria Eduarda Cury (Exame).
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