Tecnologia da FAO ajuda a combater ameaças de gafanhotos e a proteger os meios de subsistência em dezenas de países. Foto: FAO | Yasuyoshi Chiba.
Por mais de 40 anos, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) tem ajudado países em risco a vencer a luta contra infestações de gafanhotos.
Realizando um importante trabalho de coleta de dados, o aplicativo eLocust3 permite que equipes em campo de todo o mundo mapeiem os movimentos de gafanhotos entre países e iniciem ações para controlar um enxame antes que ele provoque danos graves.
As infestações por gafanhotos afetam os meios de subsistência e a segurança alimentar de milhões de pessoas e podem levar anos para serem controladas. Inovadora, a ferramenta desenvolvida pela agência da ONU ajuda a proteger agriculturas de subsistência em dezenas de países.
Eles podem ser pequenos, mas são poderosos. Causando danos em colheitas, os gafanhotos são uma das pragas migratórias mais antigas do mundo e uma séria ameaça à produção agrícola e à segurança alimentar.
Quando não detectadas precocemente, infestações que se desenvolvem geralmente levam vários anos e centenas de milhões de dólares para serem controladas. A praga de gafanhotos do deserto, uma das espécies mais perigosas, pode facilmente afetar 20% dos terrenos agriculturáveis do mundo, danificando potencialmente as agriculturas de subsistência de um décimo da população mundial.
Dezenas de milhões de gafanhotos podem voar até 150 quilômetros por dia com o vento, cobrindo vastas áreas. Um gafanhoto do deserto adulto pode consumir aproximadamente seu próprio peso (cerca de 2 gramas) em alimentos frescos por dia: isso significa que mesmo um enxame muito pequeno irá ingerir, em um único dia, a mesma quantidade de comida de cerca de 35.000 pessoas.
Dados e monitoramento
Disponível para o usuário em três línguas (inglês, francês e árabe), o eLocust3 é um tablet portátil e aplicativo personalizado que grava e transmite dados em tempo real via satélite para os centros nacionais de controle de gafanhotos e para o Serviço de Informações sobre Gafanhotos do Deserto (DLIS), sediado na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma.
Desde 2015, 450 dispositivos portáteis foram distribuídos para equipes de campo em 24 países no norte da África, no Oriente Médio e no sudoeste asiático, permitindo a transferência de dados em tempo real de jipes no meio do deserto diretamente para o escritório nacional de controle de gafanhotos e para o centro de operações na sede da FAO.
Os agentes nacionais de informações sobre gafanhotos são todos submetidos a 11 meses de treinamento rigoroso em Roma e lideram equipes de campo para coletar, comparar e analisar os dados para compartilhá-los com países vizinhos.
O monitoramento 24 horas de dados e imagens de satélite realizado pela FAO permite a criação de previsões com até seis semanas de antecedência.
Os dados do eLocust3 fornecem ao DLIS uma visão ampla e exata de onde estão os gafanhotos em todo o mundo, permitindo que o centro preveja padrões de voo e dê avisos antecipados a países em risco, que podem iniciar operações de controle.
Tecnologia de drones prevista para 2020
As equipes em campo fazem um excelente trabalho de coleta de dados, mas em países como a Mauritânia ou o Sudão, que têm desertos maiores que a extensão da Itália, por exemplo, pode ser quase impossível chegar a todos os cantos.
Embora estimativas baseadas em imagens de satélite possam ajudar as equipes a se concentrarem em zonas menores, as reproduções podem sofrer erros e geralmente estão disponíveis tarde demais.
Para resolver esse problema, a FAO está trabalhando na utilização da tecnologia de drones para dar às equipes de campo a chance de pesquisar com mais eficácia e a cobrir áreas mais amplas.
Capaz de voar cerca de 100 quilômetros, o drone de asa fixa pode coletar dados sobre a localização de vegetação verde, processando essas imagens como um mapa.
Por sua vez, o mapa guiará as equipes de pesquisa em campo a áreas de até 5 quilômetros de extensão para inspeção adicional, usando um drone giratório.
Se forem encontradas infestações significativas, um drone de controle consegue pulverizar pesticidas com segurança e eficácia, interrompendo os gafanhotos antes que eles formem enxames e minimizando a exposição a pesticidas em humanos.
Um protótipo desses drones deve estar disponível para os países em 2020.
Novas tecnologias para um antigo problema
Gafanhotos e outras pragas transnacionais são um problema mundial há séculos e esforços coordenados e oportunos para além das fronteiras são necessários para garantir a contenção e a prevenção eficazes.
Como órgão neutro, a FAO está bem posicionada para oferecer conhecimento, mesmo em áreas sensíveis.
Em 2019, a organização participou pela primeira vez de uma Reunião Conjunta de Fronteira entre a Índia e o Paquistão para trocar informações sobre as atuais operações de controle de gafanhotos do deserto em ambos os países. A participação da FAO nesse encontro foi o reconhecimento da importância de sua experiência e trabalho na área.
O desenvolvimento do eLocust3 e o uso de drones são exemplos concretos de como podemos resolver antigos problemas através da inovação.
Segundo as Nações Unidas, novas tecnologias – mas o mais importante, a aplicação dessas tecnologias de formas inovadoras – é a chave para superar os desafios de hoje.
A ONU acredita que fortes parcerias globais entre países e organizações, aliadas a soluções modernas aplicadas em escala mundial, podem trabalhar juntas para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030.
Principais fatos sobre os gafanhotos
- Os gafanhotos são a praga migratória mais antiga do mundo. Eles diferem dos acrídios comuns em sua capacidade de mudar o comportamento (se agruparem) e formar enxames que podem migrar por longas distâncias. A mais devastadora de todas as espécies de gafanhotos é a gafanhoto do deserto (Schistocerca gregaria);
- As pragas podem afetar facilmente 20% das terras no mundo; mais de 65 dos países mais pobres; e potencialmente prejudicar a agricultura de subsistência de um décimo da população mundial;
- Durante baixas temporadas, os gafanhotos do deserto vivem nas áreas inóspitas entre a África Ocidental e a Índia – uma região de cerca de 16 milhões de quilômetros quadrados, onde normalmente sobrevivem espalhados por cerca de 30 países;
- Os gafanhotos têm alta capacidade de multiplicar-se; formar grupos – migrando por distâncias relativamente grandes (podem voar até 150 km por dia); e, se em períodos de chuvas abundantes as condições ecológicas se tornam favoráveis, reproduzirem-se rapidamente, aumentando 20 vezes o tamanho de sua população em três meses.
Clique aqui para acessar o relatório produzido pela FAO e Organização Meteorológica Mundial (OMM) sobre gafanhotos do deserto (em inglês).
Site do Serviço de Informações sobre Gafanhotos do Deserto (DLIS): http://www.fao.org/ag/locusts/en/info/info/index.
Fonte: ONU.
Fonte: ONU.
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